Blog dos Espíritos
Livre-arbítrio – liberdade no semear
Capacidade de fazer escolhas
O livre-arbítrio, conceito filosófico e teológico, refere-se à capacidade de um indivíduo fazer escolhas de forma independente, sem ser determinado por causas externas ou fatores predefinidos. Ele está ligado à ideia de que as pessoas têm autonomia para decidir seus próprios caminhos, com responsabilidade por suas ações e consequências.
Sob o ponto de vista do pensamento espírita, é compreendido como a faculdade que o ser humano possui de escolher entre o bem e o mal, entre o progresso e a estagnação, entre o egoísmo e a fraternidade. Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec aborda com clareza essa questão: “O homem tem o livre-arbítrio desde que tem a consciência de si mesmo” (questão 843).
Essa afirmativa demonstra que o Espírito, à medida que evolui e desperta para sua responsabilidade moral, adquire também maior liberdade de escolha. Tal liberdade, porém, vem acompanhada de um peso igualmente importante: a responsabilidade pelas consequências das próprias ações.
A Lei de Causa e Efeito
Segundo os ensinamentos espíritas, não há liberdade sem consequência. A Lei de Causa e Efeito, uma das Leis Morais explicadas por Kardec, garante que cada escolha gera um retorno inevitável, seja imediato ou futuro. Assim, o livre-arbítrio não é uma liberdade sem direção, mas uma oportunidade constante de aprender e crescer através das decisões tomadas. É um semear hoje para colher amanhã. Temos a escolha do que semear, mas precisamos ter em mente que a colheita é certa e intransferível.
O Espírito Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, nos ensina: “O livre-arbítrio é a nossa possibilidade de escolher, e a responsabilidade é a resposta da vida à escolha feita” (Fonte Viva). Essa visão amplia o entendimento do livre-arbítrio como ferramenta de construção do destino. Cada ato, cada palavra, cada pensamento molda o caminho do Espírito rumo à sua perfeição relativa.
Fazer bom uso desta liberdade
Fazer bom uso do livre-arbítrio é escolher conscientemente aquilo que promove o bem, que respeita o próximo, que edifica a si mesmo e aos outros. Isso exige autoconhecimento, vigilância e constante esforço moral. Emmanuel alerta: “A vida é um campo de escolhas. E cada dia é uma nova oportunidade de plantar o bem, onde antes semeamos o erro" (Palavras de Vida Eterna).
A prática do bem, o perdão, a renúncia ao egoísmo e à vaidade, são exemplos de escolhas que utilizam o livre-arbítrio para o progresso espiritual. Errar faz parte do processo, mas permanecer no erro por comodidade ou orgulho é um uso imaturo da liberdade. André Luiz, em suas obras psicografadas por Chico Xavier, reforça essa ideia: “Toda escolha define o tipo de influência espiritual que atrairemos. O pensamento é uma emissão viva. Sintonizamos com aquilo que cultivamos” (Nos Domínios da Mediunidade).
Conforme o Espírito evolui intelectualmente e moralmente, o livre-arbítrio vai ficando mais refinado, educado. Nas primeiras fases da existência, o Espírito tende a agir mais por instinto do que por decisão consciente. Com o tempo, torna-se capaz de pesar alternativas, prever consequências e escolher com sabedoria. Em “O Livro dos Espíritos”, os Espíritos Superiores afirmam: “Se o homem tivesse uma linha traçada para a sua vida, fatal em todos os seus atos, seria uma máquina sem livre-arbítrio. A fatalidade existe apenas pela escolha feita pelo Espírito antes de reencarnar” (questão 851).
Para a boa colheita
Portanto, mesmo que o Espírito encarne com determinadas provas ou expiações, ele continua livre para decidir como enfrentará essas circunstâncias. A maneira como reage, as escolhas que faz diante dos desafios, são expressão viva de sua liberdade espiritual. Que tenhamos em mente as palavras de Paulo de Tarso: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.
Assim, o livre-arbítrio é uma dádiva divina que permite ao Espírito construir sua própria jornada evolutiva. Usá-lo bem é alinhar nossas escolhas com as Leis de Deus, buscando sempre o amor, a verdade e a caridade como fundamentos da ação. Allan Kardec, Emmanuel, André Luiz e tantos outros nos ensinam e nos convidam a compreender que cada decisão é uma semente plantada na alma — e a colheita virá, inevitavelmente, conforme a qualidade dessa semente. Que possamos, então, escolher com sabedoria, conscientes de que a liberdade verdadeira é aquela que nos aproxima da luz, que nos leva para mais perto de Deus, seguindo os passos do nosso Mestre Jesus.
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