Blog dos Livros
O conceito de raça
Raças não existem. Pele não tem cor. O que existe é desigualdade social e discriminação. Geneticamente, somos todos iguais, com o mesmo DNA, e diferentes pigmentações na pele. Em torno dessa ideia, e neste seu novo e controverso livro, “Brasil Apartheid –Genética de Populações,” Geração Editorial, 416 páginas, R$ 98,00, o pesquisador médico Luís Mir trata de um tema polêmico, o conceito de raça.
O que existe, conforme o autor, é o apartheid, a nova escravidão, um conceito que a genômica, um ramo da genética, facilmente implode. Para ele, raça não existe. É uma construção não científica, puramente social e econômica, engendrada para distinguir as populações africanas, dividi-las e explorá-las para a colonização do Novo Mundo.
O livro sai com muitas ilustrações e, no final, um QR Code com link para um Guia Digital surpreendente: textos e links que encaminham leitores e pesquisadores para milhares de sites, vídeos, filmes, livros, teses, fotografias, quase tudo de importante que já se escreveu, se ilustrou e se filmou, no mundo, sobre genética e genômica.
“Não existem raças,” insiste Mir, em sua obra. “Somos todos iguais, em termos de genética, fisiologia, inteligência, cognição, temos todos a mesma capacidade e desenho anatômico; a pigmentação não expressa, não identifica e muito menos admite classificações ou diferenças, quaisquer que sejam, entre humanos.”
O médico e pesquisador Alberto Kanamura, que faz a apresentação do livro, lembra que, com o argumento de que cristãos não poderiam ser escravizados, a Europa aboliu a escravidão na Idade Média, mas as Américas precisavam de braços e logo a Igreja Católica tornou-se sócia desse tráfico e exploração humana, ao sacralizar que o africano era uma subespécie e podia ser escravizada. E assim começou a diáspora, a grande tragédia para os milhões de africanos que foram raptados, e milhões deles mortos ao longo de 300 anos.”
Para o editor Luiz Fernando Emediato, que também assina a apresentação do livro, a partir dele antropólogos terão que revisar alguns dos seus sacros conceitos. Grupos e militantes identitários terão vasto conteúdo científico, genético e antropológico para revisar e fortalecer suas convicções e ações.
Luís Mir é pesquisador premiado do campo médico e historiador. Autor, entre outras obras, de “Genômica” (Prêmio Jabuti em Ciências da Saúde -1º. lugar), “Guerra Civil –Estado e Trauma,” “O Paciente –o Caso Tancredo Neves,” e “Guerra Civil -Estado e Trauma.”No prelo, “Medicina Genômica.” Tem obras de referência como historiador: “Revolução Impossível –a Esquerda e a Luta Armada” e “Partido de Deus –Fé, Poder, Política.”
Trecho:
“As populações marginalizadas percebem com nitidez que o oponente não mudou em nossa curta história. Os bandos policiais de extermínio são os sucessores dos esquadrões da morte do regime militar recente, engendrados no ventre da máquina policial fascista do Estado Novo, que herdou a punição social da Velha República. Eles adaptaram e reciclaram, quando possível, os capitães-do-mato e jagunços do sistema escravocrata.”
(página 266)
ESCRITORA NA LISTA
A escritora norte-americana Coleen Hoover, 44 anos, está com quatro livros entre os dez mais vendidos no Brasil neste primeiro semestre de 2024. São eles: “É assim que acaba,” “É assim que começa,” “Verity” e “Todas as suas (Im)Perfeições.” Em seu terceiro ano consecutivo na lista de best-sellers no país, Colleen é nascida no Texas e tem 27 obras publicadas, entre séries, contos e livros isolados, a maioria associada às categorias de romance e ficção para jovens adultos.
SÉRGIO FARACO É O PATRONO
Na última semana o Estado conheceu o novo patrono da 70ª. edição da Feira do Livro de Porto Alegre. É o escritor Sérgio Faraco, 84 anos, reconhecido pela Academia Brasileira de Letras com o Prêmio Nacional de Ficção de 1999 por seu livro “Dançar tango em Porto Alegre.” Também foi três vezes agraciado com o Prêmio Açorianos de Literatura e teve contos publicados em mais de dez países, como Alemanha, Argentina, Bulgária e Chile. A tradicional feira, que este ano tem como tema “O tempo passeia por aqui,” ocorre entre primeiro e vinte de novembro, na Praça da Alfândega, local do Centro Histórico da capital.
Leituras:
“As pessoas precisam de um pouco de loucura, caso contrário nunca se atrevem a cortar a corda e se libertar.”
(Nikos Kazantzakis, 18 de fevereiro de 1883/26 de outubro de 1957, escritor, poeta e pensador grego, considerado o mais importante escritor e filósofo grego do século XX, famoso por ter escrito o romance “Zorba, o Grego,” transformado em filme).
Destaques:
A ARTE DE FALAR E FAZER
Autor: Geronimo Theml
Baseando-se em pesquisas de ponta e insights de neurociência, o autor apresenta uma abordagem inovadora para entender e superar a procrastinação. Por meio de exemplos da vida real e exercícios práticos, o leitor poderá aprender a identificar os gatilhos que o levam à procrastinação e descobrirá estratégias para tomar de volta o controle de seu tempo e sua vida. Coach especialista em produtividade e pós-graduado em neurociência e comportamento, Geronimo Theml tem mais de 100 mil livros vendidos e alcançou grande sucesso com seus best-sellers “Produtividade para quem quer tempo” e “Assuma o comando da sua vida.”
Editora Gente. 191 páginas. R$ 59,90.
A VIAJANTE INGLESA, O SENHOR DOS MARES E O IMPERADOR NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Autora: Mary Del Priore
Nesta crônica historiográfica, a escritora Mary Del Priore conta como os três personagens principais se cruzam e se relacionam como se fossem de ficção, mas não sendo, já que existiram e atuaram por dentro e por trás de fatos verídicos de nossa história, num período importantíssimo. A autora é uma referência para os estudos históricos acerca do Brasil. Já escreveu mais de 50 livros, entre eles os volumes de “História da gente brasileira” e dezenas de obras que esclarecem fatos e personagens do Brasil, com destaque para a participação feminina na formação do Estado e da nação.
Editora Vestígio. 207 páginas. R$ 69,90.
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)
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