Blog Da Poesia

Poesia Farroupilha

20/09/2023 09:16 - por Tiago Vargas

Vinte de setembro é a data máxima para os gaúchos. A revolução farroupilha é o mito fundante de nossas tradições e, a partir dela, se estabelece nossa identidade e  nossos ideais de liberdade e igualdade, cultura e costumes. Os poemas deste post retratam em prosa e verso a vida do homem do campo, suas virtudes peculiares, seus valores, hábitos. Sua praxe, indumentária. Tradição. 

O respeito e amor pela própria terra. São versos carregados de neologismos, metáforas e arcaísmos. Um modelo de composição carregado de expressões fortes. Dessemelhante. Plural.

Gaudêncio Sete Luas
A lua é um tiro ao alvo
e as estrelas bala e bala.
Vem minuano e eu me salvo
no aconchego do meu pala.
Se troveja a gritaria,
já relampeja minha adaga.
Quem não mostra valentia
já na peleia se apaga.
Marquei a paleta da noite
com o sol que é ferro em brasa.
O dia veio mugindo,
pra se banhar n'água rasa.
Pra me aquecer mate quente,
pra me esfriar geada fria.
Não vai ficar pra semente
quem nasceu pra ventania
Luiz Coronel

Ao Dr. Almiro
Flor e mulher 

Parabéns, meu caro amigo,
Colega da minha estima.
Do tempo das casas velhas,
E da farda verde-oliva.
Hoje poeta destacado,
Esta mensagem deriva. 
Do teu bonito poema, 
Que li com atenção extrema, 
Na coluna do Tiago.
Entendo da mesma forma,
Flor e mulher são dois temas,
Peculiares e universais,
Por sua própria natureza,
Já que beleza e perfume,
Integram flores e mulheres. 
Olvidar o fato é recado,
Que nunca será perdoado.
Pois o próprio criador,
Ao criar mulher e flor. 
Deu a ambas tais atributos.
Está claro e evidente,
É inspiração permanente,
De poetas e trovadores.
João Francisco Severo

Onde há Chimarrão 
Existe amizade 
Existe um povo que sabe 
Que a maior felicidade
É crer que a simplicidade 
Te faz rico em qualquer chão.
Carlos Eduardo Back
Proseando recuerdos

Com calma chego apezito
Faço visita ao amigo
No rancho teu vou chegando
Peço licença e bombeio 
No canto da sala tem um cepo veio
É nele que vou me abancando
Boleio o pito na boca 
De um lado pro outro
Assim meio de qualquer jeito
É lambido mesmo, eu não me aperto
Comprei na venda aqui perto
Onde perdi dez pila no truco
Bobagens de aprendiz
Também não sei porque conto 
Essas tranqueiras pra ti 
Talvez me sinta a vontade
Depois de uma boa conversa
Onde mateio contigo 
Na volta do fogo de chão
Bem no meio do galpão
Vamos proseando e bebendo 
Nossas histórias 
Outra vez ...
Marcelo Batista

Saudade do vento minuano, soprando , ecoando pelo pampa e coxilhas 
Saudade do frio, da comida gostosa que nesta época tem mais sabor 
Tomar um chimarrão com gosto, pinhão na chapa do fogão a lenha 
Reunir as pessoas que amamos envolta de uma lareira, ou uma fogueira, conversas confidencias 
Saudade do frio que acolhe,
Saudade do abraço do gaudério, dos pelegos 
Saudade do frio que aquece nossa alma de gaúcho.
Gilmara Alves

Esquentei a água na chaleira
Aquele bom chimarrão de manhã
Em uma roda de amigos
Onde até mesmo, teve torresmo 
Naquela tarde
Um bom churrasco
Comi tanto que quase passei mal! 
Bah! Que fiasco!
Naquela noite
A gaita que andava sobre meus dedos
O pessoal dançava até o amanhecer
Assim como um grande gaúcho deve fazer
Gustavo Molinelli

Faça seu login para comentar!