Blog da Poesia
A poesia de Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus foi uma célebre escritora brasileira que nasceu em Sacramento, Minas Gerais, mas viveu maioritariamente no norte de São Paulo.
A vida de Carolina foi marcada por dificuldades e privações: ela precisou deixar a escola no segundo ano e era mãe solteira, sustentando três filhos com o trabalho de catadora de lixo.
Moradora da comunidade do Canindé, a autora era apaixonada pela literatura e escrevia registros diarísticos sobre a sua realidade, que foram publicados na obra clássica Quarto de despejo: diário de uma favelada.
Além de romancista, Carolina foi poeta.
Nos seus poemas, compostos numa linguagem simples, relata as violências e opressões que sofria, sendo uma mulher negra e pobre na década de 50.
Além do renomado Quarto de Despejo é autora das obras Pedaços de Fome e Provérbios, entre outros.
Eis alguns de seus poemas:
Muitas fugiam ao me ver
Pensando que eu não percebia
Outras pediam pra ler
Os versos que eu escrevia
Era papel que eu catava
Para custear o meu viver
E no lixo eu encontrava livros para ler
Quantas coisas eu quiz fazer
Fui tolhida pelo preconceito
Se eu extinguir quero renascer
Num país que predomina o preto
Adeus! Adeus, eu vou morrer!
E deixo esses versos ao meu país
Se é que temos o direito de renascer
Quero um lugar, onde o preto é feliz.
Poeta, em que medita?
Por que vives triste assim?
É que eu a acho bonita
E você não gosta de mim.
Poeta, tua alma é nobre
És triste, o que o desgosta?
Amo-a. Mas sou tão pobre
E dos pobres ninguém gosta.
Poeta, fita o espaço
E deixa de meditar.
É que... eu quero um abraço
E você persiste em negar.
Poeta, está triste eu vejo
Por que cisma tanto assim?
Queria apenas um beijo
Não deu, não gosta de mim.
Poeta!
Não queixas suas aflições
Aos que vivem em ricas vivendas
Não lhe darão atenções
Sofrimentos, para eles, são lendas.
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