Blog dos Livros
Um álbum revolucionário
A maioria dos estudiosos e fãs concorda que o álbum “Acabou chorare,” dos Novos Baianos, foi protagonista e revolucionário no cenário da música brasileira. Com forte influência do rock distorcido de Jimmy Hendrix e da bossa nova de João Gilberto, o grupo era formado por Moraes Moreira, Baby Consuelo e Paulinho Boca de Cantor (vocais), Pepeu Gomes (guitarra), Dadi Carvalho (baixo), Jorginho Gomes e Baixinho (bateria e bongô), além de Luiz Galvão, como letrista, e criou um álbum verdadeiramente icônico.
Pois agora a Edições Sesc está lançando “Acabou Chorare” (108 páginas, R$ 40,00), escrito por Márcio Gaspar, o terceiro livro impresso da Coleção Discos da Música Brasileira. Márcio Gaspar é jornalista, escritor e produtor cultural. Foi profissional da indústria fonográfica em sua fase resplandecente. Na Som Livre produziu, ao lado de Aretuza Garibaldi, os discos “Cartola –bate outra vez,” “Ataulfo Alves –leva meu samba” e “Adoniran Barbosa – o poeta do Bexiga.” Foi crítico musical e repórter especial do Jornal da Tarde e colaborador das revistas “Billboard,” “Afinal,” “Qualis” e “Época.” Ao longo de sua carreira, o autor teve a oportunidade de conviver com diversos artistas e testemunhar a história da música em construção.
Lançado em 1972, no auge repressivo da ditadura militar no Brasil, o segundo LP do grupo Novos Baianos, com dez faixas e gravado pela Som Livre, fez história e consolidou Pepeu Gomes como um dos maiores guitarristas do país. Mais de 50 anos depois, ainda é considerado um dos mais importantes álbuns da música popular brasileira, que aparece em destaque em todas as listas e segue inspirando gerações de artistas como Marisa Monte e Tulipa Ruiz, que mencionam no livro a influência de “Acabou chorare” em suas obras.
A Coleção Discos da Música Brasileira é uma série de livros lançados inicialmente em e-book e que vem sendo gradativamente disponibilizada em formato físico. Apresenta, em cada volume, a história de um importante álbum que marcou a música, seja pela estética, por questões sociais e políticas, pela influência sobre o comportamento do público, como representantes de novidades no cenário artístico ou, também, por seu impacto no mercado fonográfico.
Analisando as obras de um ponto de vista histórico, cultural, social e estético, os textos da coleção propõem apresentar narrativas em forma de livro-reportagem, ouvindo as pessoas envolvidas na criação do álbum e aprofundando-se em detalhes sobre as canções, contando histórias de bastidores das gravações, estabelecendo elos com o presente e desenhando uma cadeia de influências que permite um olhar sobre a música brasileira hoje.
Trecho:
“Ame-o ou deixe-o” era o repugnante slogan da ditadura; propunha, de maneira explícita, o nós contra eles. Eu –e boa parte dessa juventude engajada na luta política ou alienada nas dunas do barato-, evidentemente, engrossava as fileiras do deixe-o, o que significava o abandono, ainda que temporário, de tudo o que fosse simbólico do país: o samba, claro, parte desse tudo. Para os engajados, exaltar a representação de uma brasilidade estereotipada era compactuar com a ditadura; para a turma “paz e amor” era, pura e simplesmente, caretice.”
(Página 21)
NORUEGUÊS GANHA O NOBEL I
Na quinta-feira, dia cinco, foi anunciado em Estocolmo, na Suécia, o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2023 e o escolhido foi o norueguês Jon Fosse. Conforme a Academia Sueca, a escolha se deu “por suas peças e prosa que dão voz ao indizível.” Nascido em 1959, Fosse recebeu inúmeros prêmios, tanto em seu país como no exterior. Estreou na literatura em 1981, aventurando-se por diversos gêneros, como o romance, a poesia, conto, ensaio, literatura infantil e teatro.
NORUEGUÊS GANHA O NOBEL II
No Brasil, já foram publicados de Jon Fosse os livros “Melancolia,” “Ales” e “Brancura,” este último ainda em pré-venda. Sua vasta obra é focada em questões existenciais como a morte, o amor, a fé e o desespero. Para 2024, está previsto o lançamento de uma antologia de poemas e outra de peças no Brasil, pela Editora Fósforo. A Editora Companhia das Letras pretende lançar também no ano que vem “Trilogia,” premiado volume com três novelas sobre a história de amor entre um jovem casal. Em 2025, a Editora Fósforo lança “Septologia,” romance de mil páginas considerado por muitos sua grande obra.
Leituras:
“Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas.”
(Mário Quintana (1906-1994), poeta, tradutor e jornalista gaúcho, considerado o poeta das coisas simples, um dos maiores nomes da literatura brasileira).
Destaques:
TALVEZ UM DIA
Autora: Colleen Hoover
Sydney e Ridge se conheceram de suas respectivas varandas. Ele tocava violão todos os dias, e ela gostava de ficar ouvindo. Um dia, Ridge descobriu que Sydney tinha escrito uma letra para sua música. Depois de uma reviravolta, os dois têm a chance de compor juntos. E vão descobrindo uma atração muito grande entre si. Colleen Hoover é autora best-seller de diversas obras, incluindo “Tarde demais.” Também foi premiada com os livros “Confesse,” “É assim que acaba” e “As mil partes do meu coração.”
Editora Galera. 362 páginas. R$ 54,90.
COMECE PELO PORQUÊ
Autor: Simon Sinek
Ilustrando suas ideias com as fascinantes histórias de Martin Luther King, Steve Jobs e os irmãos Wright, o autor Simon Sinek mostra que as pessoas só irão se dedicar de corpo e alma a um movimento, ideia, produto ou serviço se compreenderem o verdadeiro propósito por trás deles. No livro, o autor apresenta como pensam, agem e se comunicam os líderes que exercem a maior influência, e também traz um modelo a partir do qual as pessoas podem ser inspiradas, movimentos podem ser criados e organizações, construídas. E tudo começa pelo porquê.
Editora Sextante. 251 páginas. R$ 59,90.
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul).
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