Blog dos Livros

Um álbum revolucionário

13/10/2023 14:12 - por Mildo Fenner

A maioria dos estudiosos e fãs concorda  que o álbum “Acabou chorare,”  dos Novos Baianos,  foi protagonista e revolucionário  no cenário da música brasileira. Com forte influência do rock   distorcido de Jimmy Hendrix e  da bossa nova de João Gilberto, o grupo era formado por Moraes Moreira, Baby Consuelo e Paulinho Boca de Cantor (vocais), Pepeu Gomes (guitarra), Dadi Carvalho (baixo), Jorginho Gomes  e Baixinho (bateria e bongô), além de Luiz Galvão, como letrista,  e criou um álbum verdadeiramente icônico.

Pois agora a Edições Sesc  está  lançando “Acabou Chorare” (108 páginas, R$ 40,00),  escrito por Márcio Gaspar,  o terceiro livro impresso da Coleção  Discos da Música Brasileira.  Márcio Gaspar é jornalista, escritor e produtor cultural.  Foi profissional da indústria  fonográfica em sua fase resplandecente.  Na Som Livre produziu, ao lado de Aretuza Garibaldi, os discos “Cartola –bate outra vez,” “Ataulfo Alves –leva meu samba” e “Adoniran  Barbosa – o poeta do Bexiga.” Foi crítico musical  e repórter especial  do Jornal da Tarde e  colaborador das revistas “Billboard,” “Afinal,” “Qualis”  e “Época.” Ao longo de sua carreira, o autor teve a oportunidade  de conviver com diversos artistas  e  testemunhar a história da música em  construção.

Lançado em 1972,  no auge repressivo da ditadura militar no Brasil, o segundo LP do grupo Novos Baianos,  com dez faixas e  gravado  pela Som Livre,   fez história e consolidou  Pepeu Gomes como um dos maiores guitarristas do país.  Mais de 50 anos depois,  ainda é considerado um dos mais  importantes álbuns da música popular brasileira, que aparece em destaque  em todas as listas e  segue inspirando gerações de artistas como Marisa Monte e Tulipa Ruiz, que mencionam no livro  a influência de “Acabou chorare”  em suas obras.

A Coleção Discos da Música Brasileira  é uma série de livros lançados  inicialmente em e-book e  que vem sendo gradativamente  disponibilizada  em formato físico. Apresenta, em cada volume,  a história de um importante álbum que marcou a música, seja pela estética, por questões sociais   e políticas, pela influência sobre o comportamento do público,  como representantes de novidades no cenário artístico ou, também, por seu impacto no mercado fonográfico.

Analisando as obras de um ponto de vista histórico, cultural, social e  estético, os textos da coleção  propõem apresentar narrativas em forma de livro-reportagem, ouvindo as pessoas envolvidas na criação do álbum e aprofundando-se em detalhes sobre as canções, contando histórias de bastidores das gravações,   estabelecendo elos  com o presente e desenhando uma cadeia de influências que permite um olhar sobre a música brasileira hoje.

Trecho:
“Ame-o ou deixe-o” era o repugnante  slogan da ditadura; propunha, de maneira explícita, o nós contra eles. Eu –e boa parte dessa juventude engajada na luta política ou alienada nas dunas do barato-, evidentemente, engrossava as fileiras do deixe-o, o que significava o abandono, ainda que temporário, de tudo o que fosse simbólico do país: o samba, claro, parte desse tudo. Para os engajados, exaltar  a  representação de uma brasilidade estereotipada era compactuar  com a ditadura;  para a  turma “paz e amor” era, pura e simplesmente, caretice.”
(Página 21)

NORUEGUÊS GANHA O NOBEL I
Na quinta-feira, dia cinco, foi anunciado em Estocolmo, na Suécia,  o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2023 e o escolhido foi o norueguês Jon Fosse. Conforme a Academia Sueca, a  escolha se deu “por suas peças  e prosa que dão voz ao indizível.” Nascido  em 1959, Fosse recebeu inúmeros prêmios, tanto em seu país como no exterior.  Estreou na literatura  em 1981, aventurando-se por diversos gêneros, como o romance, a poesia, conto, ensaio, literatura infantil e  teatro.  

NORUEGUÊS GANHA O NOBEL II
No Brasil, já foram publicados de Jon Fosse os livros “Melancolia,” “Ales” e “Brancura,” este último ainda em pré-venda. Sua vasta obra é focada em questões existenciais como a morte, o amor, a fé e  o desespero. Para 2024, está previsto o lançamento de uma antologia de poemas e outra de peças no Brasil, pela Editora Fósforo. A Editora Companhia das Letras pretende lançar também no ano que vem “Trilogia,”  premiado volume com três novelas sobre a história de amor entre um jovem casal. Em 2025, a Editora Fósforo lança “Septologia,” romance de mil páginas considerado por muitos  sua grande obra.

Leituras:
“Eu moro em mim mesmo. Não faz mal  que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares  para perder as minhas coisas.”
(Mário Quintana  (1906-1994),  poeta, tradutor e jornalista gaúcho, considerado o poeta das coisas simples, um dos maiores nomes da literatura brasileira).

Destaques:
TALVEZ UM DIA


Autora:
Colleen Hoover

Sydney e Ridge se conheceram de suas respectivas varandas. Ele tocava violão todos os dias, e  ela gostava de ficar ouvindo. Um dia, Ridge descobriu que Sydney tinha escrito uma letra  para sua música.  Depois de uma reviravolta, os dois têm a chance  de compor juntos. E vão descobrindo uma atração muito grande entre si.  Colleen Hoover é autora best-seller de diversas obras,  incluindo “Tarde demais.” Também foi premiada com os livros  “Confesse,” “É assim que acaba” e “As mil partes do meu coração.”
Editora Galera. 362  páginas.  R$ 54,90. 

COMECE PELO PORQUÊ


Autor:
Simon Sinek

Ilustrando suas ideias  com as fascinantes  histórias de Martin Luther King, Steve Jobs e os irmãos Wright,  o autor Simon Sinek mostra que as pessoas só irão se dedicar de corpo e alma a um movimento, ideia, produto ou serviço se compreenderem o verdadeiro propósito  por trás deles.  No livro, o autor apresenta como pensam, agem e  se comunicam  os líderes que exercem a maior influência, e  também traz  um modelo a partir do qual as pessoas podem ser inspiradas, movimentos  podem ser criados e organizações, construídas. E tudo começa pelo porquê.
Editora Sextante. 251 páginas. R$ 59,90.  

 

(As obras apontadas  no Blog dos Livros  podem ser encontradas junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho,   1423, Cachoeira   do Sul). 

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