Blog Da Poesia

Alcione Sortica

10/11/2021 08:25 - por Tiago Vargas

A poesia está na vida. Em todas as coisas. Ela existe a partir do flagrante persuasivo, do instante, da percepção rara e incomum. Do momento particular da contemplação; da reflexão assertiva. A poesia deve ter a palavra como deflagrador ou matéria prima. São signos lingüísticos impregnados pela metáfora do calor ou da melancolia. Um bom poema se eterniza na folha branca do papel, nos livros; renasce na palavra indócil e manifesta-se nas mais variadas dimensões e formatos literários. Assim foi a poesia de Alcione Sortica. Escrita que se eternizou nas folhas brancas do papel. De inteligência singular e sabedoria ímpar. Contista, cronista, ensaísta e poeta. Nascido em Cachoeira do Sul. Premiado com diversos trabalhos literários. Foi membro da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves de Porto Alegre, embaixador e Membre D´Honneur da Divine Académie Français e dês Arts Lettres et Culture – De Paris, cofundador da Revista Literária CAOS ótica, entre outras inúmeras atividades literárias. Foi autor de  “Cacos do tempo”, “Peneirando estrelas”,“Beira de açude”, “Um ponto no tempo” , “Plenilúnio” e “De pai para filho” este em co-participação com o filho Eduardo Almansa Sortica. Esta postagem rende um singelo tributo ao notável e considerável poeta e amigo que nos deixou dia 29 do último mês. 

A lembrança e a saudade
Lembranças,
são como as gentes.
Existem boas e más,
grandes e pequenas.
Alegres, jocosas,
amargas, tristes,
algumas nítidas,
outras enfumaradas pelo tempo.
Por vezes, esburacadas,
com lampejos de luz,
como aqueles velhos filmes
de muitas andanças.
Esquecidas,
são entidades mortas,
enterradas,
já não são lembranças.
Jovens, idosas,
certas vivem anos,
outras morrem logo.
Lembranças e saudades,
sempre juntas,
ajoujadas.
Se gente,
seriam gêmeas.
Ou comadres,
certamente!
Alcione Sortica

Teus cabelos        
De repente, a chuva,
e teus cabelos,
alinhados, impecáveis,
escorriam,
como mel sendo tirado do favo.
Que lindos os teus cabelos molhados!
De repente, a brisa,
e teus cabelos agitavam-se,
imitando espigas de trigo, 
balouçando-se ao vento.
De repente, o sol,
e teus cabelos iluminados,
repletos de matizes,
faziam inveja
ao mais lindo arrebol.
De repente, o tempo,
passando num repente,
por anos infindos.
E, de repente, a neve,
lembrando, só no olhar,
a pureza do algodão.
E teus cabelos continuam lindos.
Alcione sortica  

\

'Sinto tua presença
no meu poema
quero renascer-te
mas já é tarde
Infiltro-me
na tua ausência
quero teu cheiro secreto
teu beijo teu abraço
e a possibilidade
que me deste
... mas era vidro
e se quebrou.
Zaira Cantarelli

Faça seu login para comentar!