Blog dos Livros
Crueldade
De autoria do cineasta holandês Willy Lindwer,“Os últimos sete meses de Anne Frank” (Editora Universo dos Livros, 236 páginas, R$ 19,90) fala sobre o período chamado de “não escrito”, que é o capítulo final do famoso diário de Anne Frank em que é relatado o tempo entre a prisão e a sua morte.
A história do livro é contada por meio dos testemunhos de seis mulheres judias que sobreviveram ao inferno do campo de concentração do qual Anne nunca mais voltou. Inicialmente o cineasta Willy Lindwer filmou um documentário a respeito do assunto e, depois disso, resolveu transformá-lo em livro. Para tanto, ele entrevistou as seis mulheres, algumas que a conheceram antes de sua deportação para o campo nazista, outras durante seus meses finais em confinamento.
As histórias contadas são semelhantes:o tratamento no campo, a forma como conheceram as irmãs Frank e a maneira como todas foram inexplicavelmente tocadas por suas vidas. Uma das sobreviventes, inclusive, teve a difícil missão de confirmar a Otto Frank as mortes de suas filhas, Anne e Margot.
O livro é considerado um triste relato de uma crueldade inimaginável e do milagre ocorrido para que os que sobreviveram pudessem contá-lo com suas próprias palavras.
Willy Lindwer é filho de judeus que se submeteram à clandestinidade durante a ocupação alemã. Já produziu diversos documentários para a televisão em seu país e também esteve envolvido na coprodução de filmes internacionais. Seu documentário sobre os últimos sete meses de Anne Frank foi exibido pela primeira vez na Rede Pública de Televisão para marcar o 60º. aniversário do nascimento de Anne. A obra ganhou um prêmio Emmy.
O trabalho de pesquisa e preparação para o filme levou mais de dois anos e foram necessárias várias conversas preliminares antes que as entrevistas pudessem ser gravadas. Ao expor suas experiências, as mulheres enfrentaram estresse emocional e psicológico, mas, mesmo assim, foi mais forte a necessidade de contar as histórias.
Trecho:
“Nos galpões, dormíamos em beliches construídos em três níveis. Cada cama era para duas pessoas, portanto, em teoria, seis pessoas cabiam em cada beliche. Mas as coisas não funcionavam assim porque, em vez de nos deitarmos longitudinalmente, deitávamos na largura do beliche, sempre em cinco ou seis pessoas. Por isso, ficávamos terrivelmente apertadas. As tábuas rangiam o tempo todo por conta do peso. Se tivéssemos sorte, havia um pouco de palha no beliche; se não houvesse, tínhamos apenas nossos cobertores, e descansávamos a cabeça sobre os punhos. Mantínhamos todas as nossas posses reunidas e protegidas: o pente, a colher e, se tivéssemos, a faca e o pote. E os colocávamos debaixo da cabeça. Se deixássemos algo no pote ou na xícara, possivelmente seria roubado.”
(página 73)
THIAGO E OS ESTATUTOS
Na última sexta-feira, dia 14 de janeiro, faleceu aos 95 anos o poeta amazonense Thiago de Mello, um dos grandes nomes da literatura brasileira. Também ensaísta e tradutor, Thiago enfrentou a ditadura militar brasileira, chegou a ser preso e passou anos exilado em outros países, como Argentina, Chile e Portugal. Publicou diversas coletâneas poéticas, entre elas “Poesia comprometida com a minha e a tua vida,” “Mormaço na floresta” e “Acerto de contas.” Um de seus poemas mais famosos, “Os estatutos do homem,” foi escrito logo após o golpe militar de 1964.
VAMPIROS CONTRA A HUMANIDADE
De autoria de Jay Kristoff, “Império do vampiro”
(Editora Plataforma21, 976 páginas, R$ 109,90) é o primeiro volume da série de fantasia dark deste escritor. É uma história de batalhas lendárias e amor proibido, de fé perdida e amizades conquistadas, do Rei Eterno e da busca pela última esperança remanescente da humanidade: o Santo Graal.
Leituras:
“E quando nos beijávamos... E eu perdia a respiração e, entre suspiros, perguntava: Em que dia nasceste? E me respondias com voz trêmula: Estou nascendo agora...”
(Mia Couto, escritor e biólogo moçambicano, com uma extensa obra literária, considerado um dos escritores mais importantes da atualidade, com livros publicados em mais de 22 países).
Destaques:
A ROSA DO CAIRO
Autor: Osmar Barbosa
Romance espírita escrito por este escritor, que é presidente da Fraternidade Espírita Amor & Caridade, obra assistencialista localizada na cidade do Rio de Janeiro, onde atende a milhares de pessoas que necessitam de ajuda. Com diversos livros espíritas já publicados, Osmar Barbosa é casado e pai de cinco filhos e iniciou sua trajetória espiritual após vivenciar três experiências de quase morte, tendo então encontrado as respostas para seus questionamentos mais profundos nas obras de Chico Xavier e Allan Kardec.
Editora Book Espírita. 269 páginas. R$ 67,90.
A MISÉRIA DA POLÍTICA
Autor: Fernando Henrique Cardoso
O livro reúne textos escritos pelo ex-presidente entre 2010 e 2015, publicados em jornais de grande circulação ou apresentados em conferências no país e no exterior, comentando o cotidiano político do Brasil e apontando direções possíveis para a reinvenção da política e o fortalecimento da democracia. Fernando Henrique Cardoso é sociólogo e professor. Foi senador, ministro do Exterior e da Fazenda e Presidente da República por dois mandatos consecutivos (1995-1999 e 1999-2003).
Editora Civilização Brasileira. 348 páginas. R$ 19,90.
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)
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