Blog dos Livros

UM RETRATO SENSÍVEL

24/09/2021 08:20 - por Mildo Fenner

Considerado pelo  “New York Times” como  o melhor livro do ano em 1995, “A lacuna” (Editora Verus, 443 páginas, R$ 19,90), de autoria de Barbara Kingsolver, é ao mesmo tempo  uma obra épica e  também profundamente pessoal, falando sobre vários mundos  que se entrelaçam. 

A crítica    teceu   enormes   elogios quando foi lançado.  Assim se manifestou o exigente Washington Post: “O livro mais maduro e ambicioso que Barbara Kingsolver já escreveu.  Um retrato apaixonante  da vida nos Estados Unidos,  numa época em que o país passava  rapidamente da Depressão para a Grande Guerra e o consumismo, atravessado pela paranoia política. Um romance profundo com uma tela ampla e colorida. Em  última análise,  uma história comovente  sobre  um homem sensível.”

Na obra, a escritora leva o leitor  a uma jornada épica do México de Frida Kahlo  e Diego Rivera à América de Pearl  Harbor, Roosevelt e J. Edgar Hoover, contando a história   de um homem dividido  entre duas nações. 

Harrison William Shepherd é filho de pai americano e  mãe mexicana.  Após ser expulso da academia militar dos Estados Unidos, Harrison  passa seus anos de formação  no México, na década de 1930, na casa de Diego Rivera, sua mulher, Frida Kahlo, e Leon Trótski, hospedado com o casal para fugir de assassinos soviéticos. Depois que Trótski é morto, Harrison volta para os Estados Unidos e se estabelece em Asheville, Carolina do Norte,  onde se torna  um escritor de sucesso e mais tarde é investigado por suspeita de subversão. 

O livro é narrado em forma de cartas, diários e recortes de jornal,  com a autora  ressuscitando um período negro na história americana. 

Barbara Kingsolver é autora de obras de ficção,  entre elas, “A Bíblia envenenada” e “Verão  pródigo,” além de livros de poesia, ensaios e não ficção, como “O mundo é o que você come.”  Já foi traduzida  para mais de vinte idiomas  e  recebeu prêmios literários  em todo o mundo.  Em 2000, recebeu a “National Humanities Medal,” a  maior honraria americana  por serviços prestados às artes. Com “A lacuna,” venceu em 2010 o “Orange  Prize,” um dos prêmios literários mais prestigiados   do Reino Unido.

Americana, nascida em 8 de abril de 1955,  foi criada  na zona rural de Kentucky e  viveu  desde a infância no Congo.  Formou-se em Biologia  na Univesidade do Arizona  e  trabalhou como freelancer  antes de se tornar escritora. 

Trecho:
“Quando   ela  surgiu com os braços carregados e jogou a correspondência  e os jornais na beirada  da mesa da sala de jantar, meus primeiros pensamentos foram totalmente egoístas. Agora, essa confusão. O mundo se intromete. Eu queria que ela tirasse mais alguns dias de folga depois de nosso retorno,  ansioso por passar algum tempo no andar de cima, sem ser incomodado.  Para poder usar meu pijama até a hora do jantar, as cortinas fechadas, dedicando-me totalmente à história  do lorde Itzá  e seus problemas.  Uma história precisa  de uma boa tragédia.”
(página 360)
    
ENCAIXOTANDO   
“Encaixotando minha biblioteca” (Editora Companhia das Letras, 184 páginas, R$ 44,90) conta a história de Alberto Manguel, que no verão de 2015  precisou, por motivo de mudança, se desfazer  de sua biblioteca pessoal, com cerca de 35 mil volumes. No livro, ele  fala de forma apaixonada sobre a sua  relação com os livros e faz reflexões sobre a importância deles e  seu papel  para uma sociedade  democrática e  engajada. 

VENDAS DE PAULO FREIRE   
O jornal O Globo  destacou em reportagem no último final de semana  que houve aumento no Brasil na venda dos livros do educador Paulo  Freire,  que completou seu centenário de nascimento  no dia 19  de setembro. Segundo informou  o jornal, as vendas das obras de Freire cresceram ao todo 15 por cento,  sendo que alguns títulos conquistaram crescimento extraordinário,  como “Educação como prática da liberdade,” que aumentou em 401 por cento a procura. 

Leituras:
“De vez em quando é necessário a  gente se perguntar se dentro de nós é um bom lugar para se viver. Tenho me perguntado  isso...e  a resposta é sim, sou um bom lugar.”
(Caio  Fernando Abreu, jornalista, dramaturgo e  escritor gaúcho, nascido em Santiago. Faleceu em 25  de  fevereiro de 1996, aos 47 anos).

Destaques:
IMPRENSA TÓXICA 

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Autor:
José Bernardes              

Nascido em Cachoeira do Sul, José Bernardes é jornalista e ensaísta, com 45 anos de jornalismo   e quatro como escritor, com pós-graduação  em Jornalismo Literário. Crítico feroz da imprensa  atual que, segundo ele, agoniza,  sendo que “a pandemia  do Covid-19  acelerou a decomposição de sua alma e  de  seu corpo,  devido ao desastroso comportamento na cobertura da doença planetária.” Entre outras obras, escreveu também “Odisseia dos Kenj” e “Vestígios”,  sendo co-autor de “Pense bem!”
Editora ArtLetras. 187  páginas.  R$ 40,00. 
       
O SONHO DE AMADEO

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Autor:
Leonardo Costa de Oliveira

Romance de estreia  deste  autor,  que foi o vencedor do Prêmio Literário UCCLA, edição 2021, na categoria  Novos Talentos. No livro, Leonardo  apresenta o mundo onírico e complexo de Amadeo,  um jovem pintor que se perde nas tensões cotidianas,  entre o real e o imaginário, o sonho e  a realidade,  entre a vida e a morte. Nascido em Paracambi, interior do Rio de Janeiro, em 1983, é geólogo, mestre em análise de bacias sedimentares e doutor em geociências. Além de escritor, é também guitarrista e vocalista em bandas  de rock alternativo.
Editora Penalux. 143  páginas. R$ 42,00.            

(As obras apontadas  no Blog dos Livros  podem ser encontradas   junto à Livraria Coralina, na Rua 7  de Setembro, 578,  Cachoeira do Sul)                        
 

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