Blog do Mistério
A espada e o trovão: a lenda de Santa Bárbara
Em tempos de Semana Farroupilha e cultura gaúcha em pauta, tenho lembrado das superstições antigas e crendices para espantar temporais: cruz de sal, sabão em cima da casa, queimar os galhos benzidos no Domingo de Ramos.
Aprendi com a minha vó a benzer a chuva, chamando por Santa Bárbara, com quem os gaúchos possuem uma relação estreita de fé e respeito. As coisas sacras também têm seu lado obscuro e, observando uma imagem de Santa Bárbara eu tive curiosidade para entender por que ela carrega uma espada. E descobri uma história lendária que merece ser compartilhada aqui no blog:
Bárbara nasceu em uma família abastada de dinheiro, mas não de amor. Seu pai, Dióscoro, não queria que ela se cassasse e quando a idade adulta chegou, a enclausurou em uma torre bem alta. Bárbara viveu sozinha, isolada do mundo por muito tempo. No silêncio daquela prisão imposta pelo próprio pai, ela escutava o prenúncio das tempestades que viriam, a sinfonia do trovão anunciando o destino que a aguardava.
Seu pai viu a filha mudar, resplandecente em fé e coragem, desafiante ao poder que ele oferecia com mãos de ferro, Bárbara converteu-se ao cristianismo e passou a acreditar que Jesus seria a sua única salvação. Uma fé tão poderosa tomou conta da moça que nem o cárcere parecia lhe abalar. Bárbara não estava mais sozinha e o pai, por algum motivo cruel, não gostou.
Dióscoro era pagão e assim que ficou sabendo da religiosidade da filha a entregou aos romanos. Bárbara foi torturada para que renegasse à sua fé, mas se recusou e por isso foi condenada à morte. Para lavar a honra da família, o próprio pai a decapitou.
Mas a história de Bárbara não terminaria com sua morte, reza a lenda que no momento em que o corpo caiu, um trovão imenso ecoou nos céus e um raio atingiu Dióscoro, o matando imediatamente. As pessoas que assistiram ao show de horrores ajoelharam-se em honra a uma garota, que agora comandava os raios, trovões e tempestades.
Santificada anos mais tarde, Bárbara é apresentada segurando um cálice, que representa o sacramento da eucaristia e na outra mão, a espada que lhe ceifou a vida. A santa que protege os gaúchos tem uma história trágica e misteriosa.
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