Blog do Mistério
Vinil ao contrário: a lenda que perseguiu Xuxa por décadas
Xuxa não é a primeira e nem a última pessoa famosa a ser acusada de pactos macabros para atingir o sucesso, a forma como associaram a Rainha dos Baixinhos ao oculto, no entanto, é bem peculiar. Aconteceu faz tempo, mas a história jamais foi esquecida.
Dentre todas as lendas urbanas brasileiras mais famosas, o disco da Xuxa ouvido ao contrário, segue dando o que falar, décadas depois. Surgida nos anos 1980 e intensificada ao longo da década de 1990, a história afirmava que, ao tocar algumas canções da apresentadora ao contrário, seria possível ouvir frases misteriosas (e até demoníacas). A teoria se espalhou rapidamente, alimentada por gravações caseiras, boatos de escola e a atmosfera de pânico moral que marcava o período.
O caso ganhou força especialmente entre grupos religiosos, que apontavam trechos distorcidos de músicas como “Ilariê” e “Marquei um X”, alegando que as supostas palavras invertidas faziam referência a pactos, invocações e forças sombrias. As acusações repercutiram em cultos, programas de rádio e até manchetes, transformando a Rainha dos Baixinhos em protagonista involuntária de um enigma nacional.
Muitos pais começaram a desconfiar dos discos que embalavam festas infantis em todo o país. A prática de girar vinis ao contrário, algo que produz sons arrastados e sem sentido, tornou-se um experimento doméstico comum. Crianças e adultos, movidos pela curiosidade, tentavam identificar frases escondidas em meio a ruídos que, na maioria das vezes, eram apenas coincidências acústicas.
A própria Xuxa chegou a se pronunciar sobre a lenda, tratando-a com ironia. Em entrevistas, afirmou que as pessoas deveriam “ouvir as músicas do jeito certo”, reforçando que nada daquilo havia sido intencional. Sua equipe também negou qualquer tipo de mensagem subliminar, chamando atenção para a falta de evidências concretas. Em 2023, a GloboPlay chegou a utilizar o mito para promover uma nova série da Xuxa.
Apesar das explicações oficiais, a teoria continuou a circular impulsionada pela imaginação popular e pelo fascínio por mistérios. Em uma época anterior às redes sociais, esses boatos corriam de boca em boca, adquirindo força justamente pela falta de meios imediatos para checar informações. Assim, cada novo comentário informal, dava mais força para a lenda.
Até hoje, o episódio é lembrado tanto como uma curiosidade quanto como um estudo sobre como lendas urbanas se formam e se perpetuam. Mesmo desmentida, e sendo motivo de piada para muitos, a ideia de que discos infantis poderiam esconder mensagens enigmáticas nunca foi esquecida pela memória popular. O verdadeiro mistério não está na música, mas na forma como a sociedade escolhe ouvi-la.
E você, leitor, vai fazer o teste?
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