Dizem que acontece no interior de Cachoeira do Sul, na localidade do Barro Vermelho.

Há rumores de que, às margens de uma bela lagoa, rica em peixes, um sujeito que não se vê a olho nu não gosta de dividir as noites com quem se aventura a pecar. Nada se sabe sobre ele, a não ser que é conhecido como o Homem do Machado e chega a ser temido por moradores das imediações.

Muita gente não acredita em relatos de mistérios e histórias de assombrações no interior, e foi bem assim que um dos seguidores do blog foi parar à beira da tal lagoa, em uma noite em que a lua favorecia os pescadores.

— Avisa que se ele vem de machado, eu tenho é uma espingarda — disse um dos aventureiros.

Todos riram, mas não muito, pois, em poucas horas, um barulho de algo arrastando no chão atrapalhou a pescaria. Era um som metálico, chocando-se com as pedras e marcando um rastro entre a terra fofa. Ninguém queria pensar no Homem do Machado, mas o silêncio reinou entre o grupo.

Logo os barulhos começaram, vindos da mata próxima — o som claro de alguém lenhando, com batidas ritmadas. O sujeito batia tanto que parecia não parar para tirar uma descansadinha sequer.

Um dos homens, irritado, pegou a espingarda e uma lanterna potente e foi dar uma volta na mata. No fim, não atirou em ninguém, pois nada viu, mas assustou-se com os caminhos formados na terra, bem pertinho de onde eles estavam pescando.

As batidas silenciaram assim que ele saiu para a mata, mas recomeçaram quando estava de volta à margem da lagoa. Na água parada e serena, não demorou para que algo fosse visto, boiando em direção aos pescadores. A princípio, todos acharam que se tratava de um jacaré, mas logo viram que era uma grande casca de árvore, seguida por muitas outras.

Naquele espelho d’água não havia marola para fazer nada flutuar. Aquelas cascas não estariam ali, a menos que alguém as tivesse colocado propositalmente.

— É, compadres, já tem peixe que chegue. Nem vamos vencer comer tudo.

Ninguém discordou. Rapidamente levantaram acampamento e deixaram o pesqueiro mais cedo, ainda ouvindo as batidas ritmadas que vinham da mata, até entrarem na velha caminhonete e irem embora para nunca mais voltar.

Quem é o Homem do Machado? Um mistério nas noites do interior. O fato é que, aquela bela e convidativa lagoa já tem um dono.