Blog do Mistério

O dia dos mortos: patrimônio da humanidade

06/11/2025 10:38 - por Gisele Wommer giwommer@gmail.com

Foto: Carl de Souza

Não é somente fantasia de Halloween ou cenário para gravação de filme de ação. No México, o Dia de Finados é quase uma festa, um dia muito diferente do que celebramos aqui no Brasil.

Por lá, o luto parece que passa desapercebido, não é dia de sofrer, mas de relembrar os que já se foram de uma maneira única. Realizada nos dias 1º e 2 de novembro, a festividade mescla antigas tradições indígenas com elementos do catolicismo, criando um ritual único que honra os mortos com alegria, música e oferendas. Diferente de muitas culturas ocidentais, a data vira uma festa, e celebra em um reencontro espiritual com os entes queridos.

A origem do Dia dos Mortos remonta às civilizações asteca e maia, que já realizavam cerimônias em homenagem aos mortos muito antes da colonização espanhola. Os povos pré-colombianos acreditavam que a morte era apenas uma transição e que a alma continuava a existir em outro plano. Com a chegada dos espanhóis e a influência do Dia de Todos os Santos e do Dia de Finados católicos, as antigas tradições se fundiram, dando origem à celebração como é conhecida hoje.

O símbolo mais reconhecido do Dia dos Mortos é a calavera (o crânio decorado com flores, desenhos coloridos e expressões alegres), por aqui conhecido como Caveira Mexicana. As catrinas, elegantes caveiras femininas vestidas com roupas de época, representam a ideia de que, diante da morte, todos somos iguais, independentemente de classe social ou riqueza. Assim, o riso e a ironia convivem com o respeito e a saudade.

Durante a celebração, as famílias montam altares em suas casas ou nos cemitérios. Tudo tem um significado: as velas iluminam o caminho das almas, as flores simbolizam a brevidade da vida, e o pan de muerto (um pão doce coberto de açúcar) — representa o ciclo vital. Fotos, comidas favoritas, bebidas e objetos pessoais dos falecidos são colocados nos altares para recebê-los de volta por uma noite.

Em 2008, o Dia dos Mortos foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, marcando-o como uma das expressões culturais mais importantes do planeta. Diferente do que estamos acostumados e certamente polêmico na visão de alguns, é a forma como um povo todo achou para não se esquecer daqueles que um dia foram tão presentes. A morte pode separar pessoas, mas na memória e no amor ninguém morre de verdade.

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