Blog da Poesia
Bráulio Bessa
Bráulio Bessa é um nome extremamente conhecido na cultura popular do Brasil. O próprio se define como um "fazedor de poesia". Poeta, criador de cordel, recitador e palestrante, os versos do artista cearense saíram do Nordeste para caírem nas graças do nosso país continental.
Artista multimidia, tornou-se conhecido por divulgar a poesia de cordel, especialmente através de vídeos nas redes sociais onde declama seus versos.
Bráulio Bessa utiliza a linguagem do povo, com versos simples e rimas que conectam com a realidade brasileira. Suas poesias abordam temas como amor, esperança, identidade, preconceito, superação e a valorização da cultura nordestina.
Outro destaque do autor é a forma como declama seus versos, sempre gerando empatia, emoção e identificação com o grande público.
As mensagens retratadas através de seus versos são sempre de esperança e de valorização da cultura nordestina.
Em suma, sua produção artística e obras, geram um impacto social positivo, de benquerença e que muitas vezes, mesmo sem ser a premissa inicial, servem de motivação e de inspiração para a vida em determinados momentos.
É autor dos livros, Poesia com Rapadura, Poesia que Transforma e Um Carinho na Alma, entre outros.
Eis alguns trechos de poemas do autor.
Recomece (trecho)
Quando a vida bater forte
e sua alma sangrar,
quando esse mundo pesado
lhe ferir, lhe esmagar...
É hora do recomeço.
Recomece a LUTAR.
Quando tudo for escuro
e nada iluminar,
quando tudo for incerto
e você só duvidar...
É hora do recomeço.
Recomece a ACREDITAR.
Quando a estrada for longa
e seu corpo fraquejar,
quando não houver caminho
nem um lugar pra chegar...
É hora do recomeço.
Recomece a CAMINHAR.
Recomece provavelmente é o poema mais conhecido de Bráulio Bessa. Ao contrário do que se imagina - que os versos surgiram de modo espontâneo a partir de uma experiência autobiográfica - aqui a composição teve uma história completamente diferente.
Os versos foram escritos tendo como inspiração uma menina chamada Laura Beatriz que, em 2010, aos oito anos de idade, perdeu toda a família no deslizamento de terra do morro do Bumba, em Niterói.
Sabendo o poeta que se encontraria com a menina em um programa de televisão, quis compor versos para homenageá-la e honrar a sua história. Assim nasceu Recomece, um poema que fala de esperança, de fé, de energia para voltar a tentar outra vez apesar das situações adversas.
No decorrer do longo poema somos apresentados à ideia de que todo dia é dia de recomeçar, não importa a dimensão do seu problema.
Fome (trecho)
Eu procurei entender
qual a receita da fome,
quais são seus ingredientes,
a origem do seu nome.
Entender também por que
falta tanto o “de comê”,
se todo mundo é igual,
chega a dar um calafrio
saber que o prato vazio
é o prato principal.
Do que é que a fome é feita
se não tem gosto nem cor
não cheira nem fede a nada
e o nada é seu sabor.
Qual o endereço dela,
se ela tá lá na favela
ou nas brenhas do sertão?
É companheira da morte
mesmo assim não é mais forte
que um pedaço de pão.
Que rainha estranha é essa
que só reina na miséria,
que entra em milhões de lares
sem sorrir, com a cara séria,
que provoca dor e medo
e sem encostar um dedo
causa em nós tantas feridas.
No poema Fome, Bráulio trata de um mal que assola especialmente o nordeste brasileiro há gerações. O eu-lírico tenta, através dos seus versos, compreender a questão da desigualdade social e o porque da fome - tão dolorosa - atingir alguns e não atingir outros. Ao longo do poema lemos uma mistura de tentativa de definição do que é fome com um desejo de exterminá-la do mapa, oferecendo finalmente liberdade aqueles que sofrem com ela.
A solução encontrada pelo eu-lírico, ao final do poema, é "juntar todo o dinheiro dessa tal corrupção, mata a fome em todo canto e ainda sobra outro tanto pra saúde e educação".
Prazeres simples
Uma carta escrita à mão
achar dinheiro no bolso
cochilo depois do almoço…
curtir um feriadão
ter bicho estimação
ser grato e compreender…
Um dia vamos morrer
e sentir na despedida
que as coisas simples da vida
nos dão forças pra viver.
Sonhar é verbo, é seguir,
é pensar, é inspirar,
é fazer força, insistir,
é lutar, é transpirar.
São mil verbos que vêm antes
do verbo realizar.
Sonhar é ser sempre meio,
é ser meio indeciso,
meio chato, meio bobo,
é ser meio improviso,
meio certo, meio errado,
é ter só meio juízo.
Sonhar é ser meio doido
é ser meio trapaceiro,
trapaceando o real
pra ser meio verdadeiro.
Na vida, bom é ser meio,
não tem graça ser inteiro.
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