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Caio Fernando Abreu, “Um país se faz com homens e livros’’

29/11/2023 09:27 - por Tiago Vargas

Caio Fernando Abreu nasceu em Santiago no dia 12 de setembro de 1948 e foi um dos maiores escritores brasileiros da segunda metade do século XX. A temática urbana  e transgressora,  o realismo psicológico  e a introspecção são alguns elementos fortes que permearam a produção desse autor que rompeu com os padrões literários tradicionais empregando em sua escrita uma linguagem acessível e próxima do coloquialismo.

Definido por Lygia Fagundes Telles como o escritor da paixão e da densidade contemporânea, à obra do santiaguense pode ser considerada, resumidamente como uma dramatização do mundo atual. “Que seja recíproco, caso contrário não seja’’. Seus aforismos nas redes sociais se tornaram tão populares quanto às citações de Clarice Lispector, sua primeira e maior influência ao lado de outros autores como o argentino Julio Cortázar, Hilda Hilst e o Nobel de literatura Gabriel García Márquez.

Verdadeiro artesão da palavra e do raciocínio escreveu os mais diversos tipos de textos, entre os quais, contos, romances, cartas, crônicas, peças teatrais e poesia. Em sua escrita hibrida o tom e teor poético se fizeram presente de modo peculiar e invulgar.  Poucos autores tiveram tamanha capacidade técnica e argúcia para enfatizar em seus textos o prisma intimista  com a desenvoltura e argumentação própria, singular, retratando o modo cinzento e triste de viver em contraste com uma busca inquietante de felicidade. 

Escritor/poeta sui generis. Espécie de porta voz de sentimentos e sensações aflitivas. Seus livros mais conhecidos são Morangos Mofados, Onde andarás Dulce Veiga?, Os Dragões não conhecem o paraíso e Ovo Apunhalado.

Autor de vanguarda sua obra continua atual e relevante;

Caio Fernando Abreu... Para hoje, ontem e todo o sempre.

Alguns livros de Caio Fernando Abreu
... O tempo que temos
Se estamos atentos
Será sempre exato...
Caio Fernando Abreu

Testemunha um desejo de viver
Eu quero a vida.
Com os riscos
eu quero a vida.
Com os dentes em mau estado
eu quero a vida
insone, no terceiro comprimido para dormir
no terceiro maço de cigarro
depois do quarto suicídio
depois de todas as perdas
durante a calvície incipiente
dentro da grande gaiola do país
de pequena gaiola do meu corpo
eu quero a vida
eu quero porque quero a vida.
É uma escolha. Sozinho ou acompanhado, eu quero, meu
deus, como eu quero, com uma tal ferocidade, com uma tal
certeza. É agora. É pra já. Não importa depois. É como a quero.
Viajar, subir, ver. Depois, talvez Tramandaí. Escrever. Traduzir. Em solidão. Mas é o que quero. Meu deus, a vida, a vida, a vida.
A VIDA
À VIDA
Caio F. Abreu

 

 

 

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