Blog Do Mistério

O coveiro fantasma

09/11/2023 09:25 - por Gisele Wommer

A chuva começou repentinamente, fazendo o dia virar noite e deixando Ricardo perdido no imenso cemitério da Consolação. Sua visita ao túmulo da avó, única em sua vida, resultara em esquecimento do local exato, mas naquele dia a avó aniversariava e mãe tinha lhe incumbido de levar flore, Ricardo não poderia voltar para casa sem entregar a encomenda.

Navegando pelos corredores escuros, iluminados apenas por relâmpagos, buscava placas ou indicações. Crescia seu nervosismo e medo, pois sentia a presença observadora de alguém. Até aí tudo normal, afinal isso acontece a várias pessoas em cemitérios. 

Recordou-se de uma lenda sobre o cemitério, envolvendo um coveiro fantasma que auxiliava na localização dos túmulos. Sem alternativas, decidiu invocá-lo, dirigindo-se à capela central e tocando o sino seis vezes, concentrando-se no coveiro. Após alguns segundos de espera, nada aconteceu. Considerou aquilo uma tolice e retomou sua jornada pelo cemitério.

Subitamente, avistou uma figura em preto, chapéu e pá, parada diante de um túmulo. O coveiro fantasma! Surpreso e aliviado, correu em sua direção. Tentou falar, mas o coveiro permaneceu em silêncio, apontando para o túmulo, indicando que o seguisse. Ao observar o nome de sua avó no túmulo, sentiu o êxito da busca.

Agradecendo ao coveiro, ajoelhou-se para rezar, depositando as flores que a mãe lhe ordenara. Uma sensação de paz e emoção o envolveu, e lágrimas escaparam. Ao se virar para expressar gratidão ao coveiro, percebeu sua ausência. Desaparecera.
Confuso, buscou o coveiro ao redor, sem sucesso. Mas logo a entidade reapareceu, já não um homem de preto, mas um esqueleto de ossos brancos, expressando malícia e empunhando uma foice. Era a morte!

Ricardo gritou de terror, tentando fugir, mas tarde demais. O coveiro fantasma o agarrou pelo pescoço e o arrastou até o túmulo da avó, e quando menos percebeu, sem entender como tinha acontecido, já estava lá dentro. Em desespero, debatia-se e implorava, mas seus apelos caíam no vazio. Ouviu risos e uma voz gutural que lhe dizia: 
— Você me chamou, e eu vim. Agora, ficará comigo para sempre.

* Lenda Urbana Brasileira

Faça seu login para comentar!