Blog Da Poesia

Sérgio Lezama

23/11/2022 09:23 - por Tiago Vargas

Nasceu em 02 de outubro de 1930. Viveu até 14 de novembro de 1966. Asmático, faleceu solteiro aos 36 anos de idade. Formou-se no Ginásio Roque Gonçalves, hoje Colégio Marista Roque em 1954, tendo sido orador de sua turma.

Poeta visceral, de linguagem crua e densidade ímpar.  Sua escrita espontânea refletia o homem apaixonado, frustrado, amargurado, revoltado, triste e, sobretudo, solitário. ‘’Somos sempre solidões/Estamos sempre sozinho em todas as ocasiões’’.
Influenciado por Mario de Andrade o texto poético de Lezama se caracterizava basicamente pela rima esporádica e pelo intenso ritmo psicológico. 

A poesia como autorretrato. 

 Poeta fundamental, de um lirismo extraordinário, sui generis.


Lezama é o quarto no alto da esquerda p/direita.

‘’Escrevo sem pensar,
Tudo que meu inconsciente grita.
Penso depois:
Não para corrigir,
Mas para justificar o que escrevi.
Mário de Andrade


Soneto de abril
Não é um soneto com precisão
Escrito nos moldes clássicos,
Meu irmão:
- É um soneto desarvorado!
Nasceu num café, ao lado de um cidadão
Que falava bonito sobre ti,
Mas que nunca se preocupara com a tua sorte
Com a tua sorte
Ouvi-o em silêncio, com tristeza,
Depois voltei aos jornais
Que se publicam em minh’alma
E me detendo nos editoriais
Que te abraçavam, meu irmão,
Pensei na causa e silenciei.
Sérgio Lezama


‘’Anseio de fugir ao imediato,
De partir antes de representar o extremo ato da tragicomédia de existir!
Vontade de virar a cidade de pernas para o ar e percorrendo bares e cafés de uma vez,
O pálio da revolta desfraldar na cara do burguês
Vontade de ser outro, bem diverso deste louco que faz verso, mas é incapaz de triunfar na vida.
Deste louco, que ainda há pouco,  pensando em mares, fugas, ilhas, viu-se
Chorando como um calouro
Diante de um velho álbum de família’’.
Sérgio Lezama


Onde findam todos os limites
alucinado princípio.
Sou como um rio
a que barco nenhum resiste.
Onde a noite funde-se com a alvorada
ali faço meu horizonte
e ocaso. Sou como a fonte
que a si mesma se bebe insaciada!
Onde Deus começa eu termino
e vice-versa como um rei
que é também bobo da corte.
Em mim coexistem o velho e o menino
por isso nada sei e tudo sei
aquém da vida e além da morte.
Sérgio Lezama

 

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