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Soneto XIII, Ora (direis) Ouvir Estrelas – Olavo Bilac, o Príncipe dos poetas
Ora (direis) ouvir estrelas pertence a coleção de sonetos Via Láctea que, por sua vez, está inserido no livro de estreia do escritor brasileiro Olavo Bilac.
O livro foi publicado em 1888.
Os versos de Bilac são um típico exemplar da lírica parnasiana.
Os versos transparecem o afeto de recém apaixonado que dialoga com as estrelas em tom de confissão. A meio do poema são inseridas aspas, sinal gráfico que indica a presença de um interlocutor, sugerindo, por conseguinte, a ideia de desconexão com a realidade.
O amor retrata um amor em caráter universal, uma vez que ninguém é nomeado em especial. Nem mesmo os atributos físicos ou características psicológicas da amada são mencionados.
Em termos formais, Bilac, como representante típico do parnasianismo segue o rigor formal, estrutural e estilístico da escola literária supracitada.
Em termos de curiosidade, o poema foi retratado na primeira estrofe da canção A divina comédia humana, de cantor cearense Belchior, em 1978. A propósito, a metalinguagem está presente e boa parte da canção, uma vez que, além do poema, a música faz analogia com outra obra fundamental da literatura universal, o poema A divina comédia, do poeta italiano Dante Alighieri.
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
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