Blog da Poesia
Hélio Flanders
Helio Flanders tem 36 anos, é cantor, compositor e escritor. Fundador da banda Vanguart, tem dezenas de trabalhos e colaborações musicais desde seu álbum de estreia em 2002. Um dos nomes mais relevantes do novo cenário musical indie rock brasileiro. Flanders nasceu em Arapongas (PR), cresceu em Cuibá (MT) e atualmente reside em São Paulo há quinze anos, tendo passado por países como Bolívia e Itália em espécies de “autoexilios’’, como ele mesmo descreve. “Manual para sonhar de olhos abertos” é sua primeira publicação. Trata-se de um livro que narra a trajetória de seu protagonista em busca de si mesmo. Espécie de mitologia íntima. Uma mochila, algumas roupas, uma cidade nova e nada mais. Um romance sentimental que mescla prosa e poesia destacando a priori o que sente, não o que acontece. Seus escritos refletem suas influências de modo peculiar e denso, de Augusto do Anjos a poetas malditos como Baudelaire e Rimbaud. William Blake, Borges, Dino Buzzati e Bob Dylan são outras referências do bardo tupiniquim. Helio Flanders & as folhas de relva é um outro trabalho destacado recente do artista e pode ser assistido no Youtube. Trata-se de uma apresentação onde intercala canções e poemas declamados a partir da obra homônima de Walt Whitman, poeta atemporal e sui generis, considerado o pai do verso livre. Tal qual Flanders.
... eu sei que algumas vezes
Estive a me esperar
Na estação da cidade
A qual não pude visitar ...
Quiçá ainda estou lá ....
Uma cidade nova é uma cidade nova
A tristeza é só um berço para quando estamos pequenos
A felicidade ganha força quando as pernas ficam fracas
A dor eterna não é a morte, mas sim estar doente.
E a alegria é a queimadura pontiaguda que dá no estômago quando confunde as angustias inéditas da cidade que esta por chegar ...
Helio Flanders
Morto
Estou morto
Há dias não sinto o pulso
A carne imprestável, flácida
Impregnando no lugar o cheiro da morte
Tomado por insetos
Visitante estes estão certos
Como o destino
Que a todos espera.
Estou morto
Desfigurado por uma vida em vão
Insignificante sem sentido
Inodora e anêmica
Estou acabado acuado em uma mesa
Desfigurado em silêncio
Uma sombra do que fui
Numa certeza consumido pelas larvas
O destino que nos reserva...
Estou morto...
Teton Beat
Dentro de mim
Em temporadas fora de mim
de não saber a cor do chão
nos três lados de uma fronteira
sim, isso há em mim.
de onde você vem, cara?
pelas ruas do sonho, digo:
ainda tenho uma certa juventude
e saindo um pouquinho de mim
andando em uma trilha nas nuvens
retorno ao corpo para olhar com meus olhos
e quem sabe ver por dentro
estando em minha pele
quem sou eu?
preciso encontrar o menino
e dizer que ele vai esquecer a chave
que ele não é, apenas está sendo
e que as temporadas
são como estações
fim início fim
e de novo retorno
a esse drama engraçado
que é estar dentro de mim.
Bagual Silvestres
Fechado pra balanço
Estou fechado pra balanço.
Dei um tempo pra mim mesmo,
aos amores, às amizades,
aos inimigos e aos confrades.
Parei com as drogas,
os líquidos, as cores,
os incolores e os vapores.
Estou fechado pra balanço
e entrei numas de
recuperação judicial.
Uma espécie de concordata
para reazeitar a mamata.
De tanto ir ao fundo
mais profundo
desta transa terminal
o resultado das somas
e subtrações
me diz que a vida...
A vida é boa
até quando me faz mal.
Mauro Ulrich
ESPERO
Se te espero
É porque te quero
Nem cedo
Nem tarde
Talvez agora
Sem demora
Sem o tempo dos relógios
Que de mim te roubariam
Ao perceberem que te quero.
Te espero
Não sei a hora
Tanta demora
Deve ser mistério.
Mas quando chegares
E minhas mãos te encontrarem
Quando meu beijo for teu
E nada mais importar
E a minha boca for tua
Passe o tempo que passar
E a minha pele já nua
Que se arrepia ao tocar...
Ah! meu amor...
Terá valido a pena esperar
Rodrigo Menezes
NA POÉTICA DO BELCHIOR
Estava mais angustiado
que o centroavante
que perdeu o gol,
quando tu entrastes em mim
feito uma lua no quintal.
Não tenho amigo analista
e nem quero encontro casual,
basta teu amor para eu
ser feliz direito.
Não foi por medo da solidão
que eu segurei pela
primeira vez a tua mão.
Era apenas o início
do termo vontade
de alguém sozinho a cismar.
Gente da minha rua,
eu nunca andei distante.
Há tempos, cinco minutos,
que estou longe de casa
e nesses continentes
de grande aglomeração só o que
quero é voltar para o ninho,
pois estou morando com a filosofia.
Robson Alves Soares
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XXVIII Prêmio Paulo Salzano Vieira da Cunha De Poemas
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