Blog da Poesia

Poemas Farroupilhas

22/09/2021 08:30 - por Tiago Vargas tiagovargas.uab@gmail.com

Vinte de setembro é a data máxima para os gaúchos. A revolução farroupilha é o mito fundante de nossas tradições e, a partir dela, se estabelece nossa identidade e nossos ideais de liberdade e igualdade, cultura e costumes.  Neste post especial o blog traz como temática a literatura sul  rio-grandense e seus hábitos; Retrata em prosa e verso a vida do homem do campo, suas virtudes peculiares e valores. Sua praxe, rotina, indumentária. Tradição.  O respeito e amor pela  própria terra. São versos carregados de neologismos, metáforas e arcaísmos. Um modelo de composição carregado de expressões fortes. Dessemelhante. Plural.
Imagem de referência é da estudante do terceiro ano do ensino médio do Colégio ULBRA São Pedro, Bibiana Moraes. 

O vento minuano uivante 
Por entre os campos do pampa
Balança a saia da prenda
Arrepia a alma do gaúcho 
Que fica em roda da fogueira
Olhando o fumegar da chaleira
Para sorver o mate
E esquentar a alma
Que traz consigo
O amor pela querência 
Chamada Rio Grande do Sul
Camila Rosa Matos

Setembro 
Chegou setembro 
Com cheiro de saudade 
O vestido de prenda 
Com tantas rendas e babados 
A flor no cabelo 
As flores na árvore do CTG 
As bandeiras subindo 
O vento cantando 
Cavalo, chimarrão, fogo de chão 
Setembro traz saudades
Setembro tem cheiro de galpão...
Rosana Ortiz

Columnas in Cinere
Sem badalos ou pendões,
Do conforto fugirei.
Tirano mundo sem dó:
Sem bainha, lutarei.
Em gargalos e balcões,
Reconforto buscarei.
Mundano sujo de pó:
Ladainha, já nem sei.
Sem cavalos ou peões,
Ao confronto avançarei.
Me engano e sucumbo só:
Sem rainha, não há rei.
Yuri Elesbão

Orgulho Farroupilha
Fico cismando com o tempo
Ouvindo o tropel na alvorada
Será algum sonho aragano
Que no coração fez morada?
Nas patas de tantos crioulos
Na ponta de afiadas adagas
Marcaram em ferro e fogo
As fronteiras da pátria amada...
E hoje em tempos de paz
Do baú surgem gemidos
Velhas fardas e papéis
Na força e raça ungidos
Libertaram nosso povo
Quando perdemos a batalha
Ali ganhamos a honra
E o respeito de uma nação
Que nunca conseguiu na força
Separar homem, cavalo e seu chão...
Tem alguns que dizem aos sussuros
Que não houve brios na história
Mas a eles eu retruco
Vai mais fundo na memória
Se não fosse o gaúcho
Brasil terminava em São Paulo
Perdendo tanto do seu luxo
De ter num país tropical
A Europa dos pampas gaúcho!
Mara Garin
(Em homenagem ao Patrão Illo Garin, que me ensinou os caminhos da tradição).

Proseando recuerdos
Com calma chego apezito
Faço visita ao amigo
No rancho teu vou chegando
Peço licença e bombeio 
No canto da sala tem um cepo veio
É nele que vou me abancando
Boleio o pito na boca 
De um lado pro outro
Assim meio de qualquer jeito
É lambido mesmo, eu não me aperto
Comprei na venda aqui perto
Onde perdi dez pila no truco
Bobagens de aprendiz
Também não sei porque conto 
Essas tranqueiras pra ti 
Talvez me sinta a vontade
Depois de uma boa conversa
Onde mateio contigo 
Na volta do fogo de chão
Bem no meio do galpão
Vamos proseando e bebendo 
Nossas histórias 
Outra vez ...
Marcelo Batista

Saudade do vento minuano , soprando , ecoando pelo pampa e coxilhas 
Saudade do frio, da comida gostosa que nesta época tem mais sabor 
Tomar um chimarrão com gosto, pinhão na chapa do fogão a lenha 
Reunir as pessoas que amamos envolta de uma lareira, ou uma fogueira, conversas confidencias 
Saudade do frio que acolhe,
Saudade do abraço do gaudério, dos pelegos 
Saudade do frio que aquece nossa alma de gaúcho.
Gilmara Alves

Ser Gaúcho
nos confins do Rio Grande
estâncias campeiras
tradições e consumo
no curso churrasco e chimarrão
na cultura gaúcha
rural da revolução
farroupilha o estado
gurias e guris da vida
as horas que passam
onde o mundo não vê
nos dias distantes
plantas e bichos na cultura
na invernada no pampa
gerações preservadas
cantando na madrugada
o galo no pago
na terra gaudéria
herança dos filhos
na invernada a família
convive o amor
aflora ambientes
conservando origens
onde o orgulho figura
de ser um gaúcho.
Jorge Corrêa

“A  LO LARGO”
A vida é como ela é, incabível recurso,
Insofismável verdade, com toda evidência.
Não sendo plausível mudar o seu curso,
Vive-se a vida com jeito e prudência.
É mister sermos justos, leais e fraternos,    
Não causar ciúme, inveja ou rancor, 
Antigas mazelas em tempos modernos.
No seu modus vivendis, haja paz e amor.
Evite o ócio de um dioturno letargo.
A vida é efêmera, pense, portanto.
Viva sua vida feliz, ativo e útil, a lo largo
Não banque palerma, ocioso num canto.
Quem peregrina por veredas mundanas, 
Sabe tudo da vida, salteado e de cor,
Torna-se um às, em causas humanas,
Saber ao custo de esforço e suor.
João Francisco Severo

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