Blog Da Poesia

Rodrigo Menezes

14/07/2021 08:36 - por Tiago Vargas

O Blog da poesia apresenta a comunidade cachoeirense o poeta vencedor do XXIV Prêmio Paulo Salzano Vieira da Cunha de Poemas.  Trata-se de Rodrigo Chagas Menezes, 32 anos, natural de Cacequi/RS e graduado em Sistemas de Informações pela Faculdade Metodista de Santa Maria/RS.  Menezes é servidor público da UFSM/CS e reside no município desde 2015. Filho de um gaúcho e de uma nordestina, foi estimulado desde cedo pela figura materna a redigir cartas para parentes distantes. Como leitor aprecia gêneros distintos. Guardanapos de papel, jornais, crônicas, poesias, romance, textos filosóficos e científicos, históricos, biografias... Sua principal influência é Mário Quintana. São referências também em sua escrita autores como Clarice Lispector, Neruda, Gullar, Suassuna,  Drummond, Cortella, Cecília Meirelles, Adélia Prado, Bukowski, entre outros... Poesia que descreve, observa, que imagina, pensa ou sente. Feita com respeito. E amor as palavras. Eis, nosso vencedor!

MORADA DOS LOUCOS
Na poesia encontro abrigo
Uma casa abandonada 
Quando me vejo perdido
E no palácio das palavras
Descubro algum vestígio.
Da vida, que flui como um rio
Do amor, que causa dor e calafrio
Do meu próprio-eu, que desconheço
Encontro a saudade, vazia.
Percebo que... perder é uma arte
E a poesia que me invade
Percorre todo meu corpo
Causando frio na espinha
Dando voz ao pranto, retirando o manto
Que encobre esse mundo sombrio
A dose certa das palavras
Que algum escritor mediu.
Já não me sinto sozinho
Pois no banquete das estrofes
Alimento meu caminho
Sinto o som do silêncio
Espaços em branco me causam arrepio...
Toda poesia é morada dos loucos
Mas também dos poucos
Que compreendem o vazio.

ESPERO
Se te espero
É porque te quero
Nem cedo
Nem tarde
Talvez agora
Sem demora
Sem o tempo dos relógios
Que de mim te roubariam
Ao perceberem que te quero.
Te espero
Não sei a hora
Tanta demora
Deve ser mistério.
Mas quando chegares
E minhas mãos te encontrarem
Quando meu beijo for teu
E nada mais importar
E a minha boca for tua
Passe o tempo que passar
E a minha pele já nua
Que se arrepia ao tocar...
Ah! meu amor...
Terá valido a pena esperar.

POR UM FIO
Preciso dizer-lhe que temo
Pelo adeus inerente
Há um fio de prata invisível
Prendendo-nos fragilmente 
Essa vida de carne e osso
Consagra a finitude.
Morro lentamente
E a salvação é o véu da esperança
Verbosidade da nossa mente
Enquanto passado é nostalgia
Que rouba o momento presente.
Viva seu tempo no agora
Pois quando chegares a hora
O fio romperá de repente.

RECEITUÁRIO POÉTICO
Poesia é remédio da alma
Relicário de calma
Transbordando em palavras
Princípio ativo da emoção.

A dosagem é incerta
Quem prescreve é o poeta
Vide bula repleta
Com advertência e confusão (confissão)

No entanto,
Como usuário eu garanto
Efeito colateral é o encanto
Não há contraindicação.

VIVA POESIA
Não vejo poesia em tudo que olho
Mas sei que lá ela está
Naquilo que não posso ver
Pela pequeneza do meu olhar
Em tudo que não digo
Não penso
Não escuto
Não sinto
E não respiro
Em tudo que desconheço
Com ignorância tardia
Seguirás viva poesia
Ainda que eu morra primeiro.

INSONHO — pesadelo
De tanto sonhar que a vida era Bela (Fera)
Pintei na mente aquarela
Onde a madrugada fizera
Em mim insônia sem dó.
Adormeci logo em seguida
Sem a devida despedida
Sonhei que virava pó.

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