Blog dos Espíritos
A missão espiritual dos pais
Laços entre pais e filhos
Muito se engana quem espera que exercer a maternidade e paternidade terrena se limita em alimentar e educar aquele filho para o mundo, dando-lhe valores e condições materiais até que alcancem a maioridade, quando estarão aptos para encararem sozinhos os desafios da vida.
Na verdade, os pais preparam seus filhos para a eternidade, assumindo, assim, grande responsabilidade espiritual. Partindo de um compromisso mútuo assumido ainda no plano espiritual, tanto os filhos escolhem seus pais quanto os pais aceitam a tarefa de criação. Assim, os pais são os mentores de seus filhos no lar terreno, onde recebem os primeiros ensinamentos.
A relação de pais e filhos advém de diversas existências, o que justifica, por vezes, a simpatia entre os entes familiares. Ainda, é possível compreender que os laços de família não são meramente costumes sociais, são necessários ao progresso, sendo ainda uma lei natural. Pais e filhos encarnam com provas e expiações, sendo mantidos pelos laços fraternos para percorrerem a jornada terrena na caminhada evolutiva. Vasto o trabalho da espiritualidade em reunir aqueles espíritos para conciliar as experiências que deverão passar juntos, bem como individualmente.
Responsabilidade e livre-arbítrio
Embora a criação terrena proponha que pais sejam perfeitos, estes ainda são espíritos em construção moral e espiritual tanto quanto seus filhos, assumindo a educação de outro espírito mesmo em estado de imperfeição, o que justificam as possíveis falhas dos pais e mães na criação dos seus filhos durante essa jornada. Entretanto, a espiritualidade não os isenta de suas ações; muito pelo contrário, a responsabilidade dos pais com seus filhos é tamanha ao ponto de respondem pessoalmente por eles. Todavia, não é razoável pensar nessa responsabilidade de forma irrestrita, visto que cada Espírito detém o livre-arbítrio, isto é, o poder de escolha.
A tomada de consciência espiritual tanto de pais quanto dos filhos tende a equilibrar essa jornada, na medida em que cada um assume o papel que lhe foi confiado de forma mais responsável. Os pais entendem a responsabilidade de conduzir aquele Espírito que lhe foi confiado, bem como os filhos compreendem que pertencem a uma família espiritual igualmente portando compromissos, e todos, enquanto espíritos em construção moral e espiritual, buscam juntos a contínua evolução, superando as provas e expiações que lhe foram atribuídas.
O Livro dos Espíritos apresenta a pergunta “que influência exercem os espíritos dos pais sobre o filho depois do seu nascimento”? Ao qual os Espíritos da Codificação esclarecem: “Bem grande influência exercem. Conforme já dissemos, os espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem: os espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho”.
Se as várias áreas de estudo do comportamento e desenvolvimento humano denotam, de há muito, o papel fundamental desempenhado pelos pais na educação e, consequentemente, na vida dos filhos, a Doutrina Espírita reforça e amplia o entendimento dessa responsabilidade, trazendo à tona o reconhecimento de que a infância é, para o Espírito, especial período para o seu desenvolvimento, fase em que este está mais acessível às impressões que recebe e que auxiliam na sua evolução, devendo especialmente os responsáveis pela sua educação contribuir para este processo de adiantamento.
O lar é a escola das almas
Cientes, assim, da responsabilidade dos pais para com seus filhos, observamos, ao longo do tempo, mudanças no seu desempenho, os encontramos cada vez mais sensibilizados para a consciência de que o seu exemplo de conduta será o recurso chave para a formação moral do Espírito que lhes está confiado por Deus, com vistas à sua condução pelas sendas do bem, consoante a afirmativa de Kardec de que a educação moral consiste na arte de formar caracteres, a que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.
Sendo assim, observamos pais preocupados quanto aos seus atos, aos seus costumes, suas atitudes em sociedade, seus hábitos, que são objeto de observação e de referência na formação dos filhos que lhes compartilham o cotidiano dentro e fora do lar. Constatamos aí a sabedoria e bondade divinas, ensejando a oportunidade de que reforme os seus próprios caracteres o homem adulto.
Oportunidade de romper com as barreiras do egoísmo; de olhar mais para o próximo que lhe chega na condição de filho e lhe proporcione a própria mudança de hábitos, visando o bem e o desenvolvimento deste último. Por isso, abre mão, muitas vezes, de seus prazeres e de sua vontade, em função do pequeno ser que lhe requer cuidados, atenção, dedicação e, principalmente, exemplos de retidão, honradez e condutas adequadas para a sua formação moral. Tudo isso com vistas ao desenvolvimento e progresso desse Espírito que lhe foi confiado por empréstimo pela misericórdia divina. É o amor ao próximo ensejando o próprio bem da criatura.
Cada vez mais conscientes de que a melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter, encontrarão certamente desafios para o adequado desempenho de suas tarefas, que requerem a sua própria transformação íntima.
“(...) Ó espíritas! compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo)
Não estão os pais sozinhos diante de um desafio tão complexo. Contam na Terra com a família, com os professores, com especialistas de muitas áreas, com ótimas publicações, além da indispensável inspiração dos Amigos Espirituais e dos Anjos Guardiões. A prece e o recolhimento são instrumentos ao seu alcance a qualquer momento. Embora grande seja a sua responsabilidade, muitas são as portas a se bater em busca de auxílio. Afinal, Deus também é Pai, que nos educa e supre nossas reais necessidades. O nosso mundo e os nossos filhos solicitam que abracemos com amor e determinação a tarefa de educar. E tenhamos a certeza de que a sementinha que foi plantada no coração de cada filho germinará, na época oportuna, auxiliando-o, decisivamente, na conquista do progresso em todos os campos.
No próximo dia 15 de maio comemora-se o Dia Internacional da Família. Que cada uma receba as bênçãos de amor e fraternidade do nosso mestre Jesus, unidos em nome de Deus, nosso Pai.
KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Livro dos Espíritos”.
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