Blog dos Espíritos

A influência dos Espíritos sobre nós

25/08/2025 09:45 - por Rosane Sacilotto sacilottorosane @gmai.com

Influência nos pensamentos e atos
A Doutrina Espírita nos convida a olhar além do mundo material, reconhecendo a existência do plano espiritual e sua constante interação com o nosso cotidiano. Um dos ensinamentos centrais de “O Livro dos Espíritos”, a primeira das obras básicas da Codificação Espírita, por Allan Kardec, é a presença contínua dos Espíritos desencarnados em nossas vidas, influenciando nossos pensamentos, emoções e decisões de forma muito mais intensa do que imaginamos.

Na questão 459 de “O Livro dos Espíritos”, Kardec pergunta: “Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?”. E os Espíritos respondem: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem”. Essa afirmativa, embora impactante, não deve nos causar temor, mas sim despertar consciência. Vivemos imersos em uma realidade espiritual que reflete nossas afinidades, escolhas e vibrações íntimas.

Afinidade e sintonia
A influência espiritual acontece através da sintonia: atraímos Espíritos de acordo com nossos sentimentos, pensamentos e condutas. Assim, Espíritos benevolentes se aproximam quando cultivamos o bem, a caridade e a prece, já os Espíritos menos esclarecidos, ainda presos a paixões terrenas, se aproximam quando nos deixamos dominar por egoísmo, orgulho, raiva ou vícios.

Essa interação entre o mundo espiritual e o mundo físico ocorre naturalmente, pois os Espíritos são, em essência, as almas dos homens e mulheres que já viveram na Terra e continuam sua jornada evolutiva em outras dimensões. Não há milagre ou superstição nesse processo, penas leis espirituais, reveladas e explicadas pela Doutrina Espírita com lógica e clareza.

Em “O Livro dos Médiuns”, Kardec aprofunda esse entendimento, explicando que os Espíritos se comunicam conosco por diversos meios: inspiração, intuição e até formas mais graves, como fascinação e obsessão, quando a sintonia é negativa e persistente. Por isso, o Espiritismo recomenda o discernimento, a vigilância mental e o cultivo de bons sentimentos, pois a ignorância acerca dessas influências pode nos tornar vulneráveis.

Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, reforça esse princípio ao afirmar que “vivemos em permanente comunhão com as correntes mentais que nos cercam”, e que cada um de nós é um emissor e receptor de vibrações espirituais. O pensamento, segundo ele, é uma força viva, moldando o campo vibratório ao nosso redor. De forma complementar, o Espírito André Luiz, também por meio de Chico Xavier, ensina em “Nos Domínios da Mediunidade”: “Pensamos, emitimos ondas mentais e, segundo a natureza que lhes imprimimos, atraímos pensamentos da mesma espécie”.

Nossos pensamentos, portanto, funcionam como antenas que sintonizam faixas vibratórias compatíveis. Um coração em paz atrai benfeitores espirituais. Um coração rancoroso, por sua vez, entra em sintonia com Espíritos perturbados. Isso não como castigo, mas como reflexo natural da afinidade.

Autoconhecimento e reforma íntima
A mentora espiritual Joanna de Ângelis, através da mediunidade de Divaldo Franco, nos orienta sobre a importância do autoconhecimento para lidar com essa influência. Segundo ela, quando não nos conhecemos, ficamos mais sujeitos à manipulação mental de entidades infelizes. Mas quando cultivamos a consciência, a lucidez e a elevação moral, tornamo-nos mais protegidos e preparados para discernir o que vem de nós e o que nos é sugerido espiritualmente.

Contudo, é fundamental compreender que os Espíritos não exercem uma influência irresistível sobre nós. O livre-arbítrio permanece intocado. Somos sempre responsáveis pelas escolhas que fazemos. A Doutrina Espírita nos oferece as ferramentas para nos fortalecer espiritualmente: o estudo, a prece, a vigilância dos pensamentos, a reforma íntima e a prática constante do bem.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Kardec dedica um capítulo especial aos anjos de guarda ou Espíritos protetores, que são seres mais evoluídos incumbidos por Deus de nos guiar moralmente. Eles não interferem diretamente em nossas escolhas, mas nos inspiram, nos alertam e nos sustentam nas horas de dificuldade, principalmente quando os buscamos com sinceridade de coração.

Vigiai e orai
Jesus já havia advertido: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação” (Mateus 26:41). Esse conselho encontra eco profundo na Doutrina Espírita, que nos mostra como a prece é uma ponte vibratória entre o nosso mundo e os planos superiores. A oração sincera eleva nosso pensamento, nos conecta com os bons Espíritos e fortalece nosso espírito frente às provas e tentações.

Como sintetiza Emmanuel: “Cada criatura vive no mundo espiritual que elegeu com os pensamentos que cultiva”. Essa é a grande lição: somos cocriadores da realidade espiritual que nos cerca. Através do que pensamos, sentimos e fazemos, atraímos as influências que nos acompanharão. Por isso, é vital cultivar o bem, o amor, a paciência e a caridade, não somente como obrigação religiosa, mas como caminho de proteção, crescimento e libertação interior.

Assim, o conhecimento da influência dos Espíritos em nossas vidas não é motivo de medo, mas de despertar espiritual. Saber que não estamos sós e que há uma rede invisível de pensamentos e vibrações ao nosso redor nos leva à responsabilidade moral de escolher com quem queremos sintonizar. Com estudo, disciplina e amor, podemos fazer de nossa vida um canal para o bem, tornando-nos instrumentos da luz, amparados pelos bons Espíritos e, ao mesmo tempo, capazes de amparar outros corações, encarnados ou desencarnados, que buscam a mesma luz.

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