Blog dos Espíritos
As Parábolas de Jesus e suas lições
O Mestre ensina por parábolas
Jesus, o Mestre por excelência, trouxe à humanidade ensinamentos salutares que, ainda hoje, ressoam com força nos corações. Em sua sabedoria infinita, utilizou-se frequentemente das parábolas, narrativas simples, inspiradas no cotidiano do povo, mas que guardam profundos significados espirituais.
Através delas, transmitiu lições universais de amor, justiça, fé e esperança, que permanecem atuais e inalteráveis diante do progresso humano. Com suas parábolas e seus exemplos, Jesus nos legou seu Evangelho, guia completo para que a humanidade siga seus passos rumo à evolução.
Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, observa que “a forma alegórica era necessária, dado o meio em que Jesus vivia. Numa época em que faltavam noções científicas e filosóficas, não havia outra maneira de exprimir verdades tão elevadas, senão por meio de imagens” (cap. XVII). Assim, o Cristo envolvia a grandeza de seus ensinos em linguagem acessível, mas velada, para que os de coração puro compreendessem, e os que não estivessem preparados encontrassem apenas uma lição moral. Deste modo, aqueles que têm ouvidos de ouvir e olhos de ver compreendem com o coração a profundidade dos ensinamentos do Cristo,
Com a revelação espírita, o Consolador prometido, porém, o véu se ergue. Kardec explica que “o Espiritismo vem levantar o véu sobre certos pontos obscuros das Escrituras, mostrando, em sua realidade, o que antes só se dizia em forma de parábola ou de figura” (“A Gênese”, cap. I). Dessa forma, as parábolas se apresentam não apenas como relatos antigos, mas como verdades vivas que se renovam em cada geração.
O significado moral das parábolas
Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, acrescenta que as parábolas são “sementes divinas lançadas no solo do mundo” (“Fonte Viva”, cap. 143), cujo florescimento depende do preparo íntimo do coração humano. Ele destaca que nelas encontramos diferentes níveis de interpretação: desde a lição moral mais simples até a revelação de profundas leis espirituais que regem a vida imortal.
Todas as parábolas de Jesus apresentam lições valiosas que devemos trazer como guias de nossa existência, mas destacamos aqui algumas mais conhecidas:
Parábola do Semeador – Jesus descreve as diferentes terras em que a semente cai, mostrando a diversidade de respostas à mensagem divina. Kardec lembra que “o semeador é aquele que leva a palavra de Deus” (E.S.E., cap. XVII). Emmanuel amplia, dizendo que a parábola ensina que o Evangelho é perfeito em si mesmo, mas exige do discípulo esforço constante de renovação.
O Filho Pródigo – É o retrato da misericórdia divina. Para o Espiritismo, representa a lei de liberdade e de retorno. Mesmo quando a criatura se afasta, sempre encontra o amparo do Pai. Emmanuel afirma: “O lar é o coração de Deus, que jamais abandona um filho” (“Caminho, Verdade e Vida”, cap. 132). Essa parábola mostra a jornada evolutiva da alma que erra, aprende e retorna à luz, nos dá esperanças de que todos nós podemos corrigir nossa rota e tomar a decisão hoje de seguir os passos do Mestre.
O Bom Samaritano – Revela o verdadeiro sentido da fraternidade. Sabemos que “fora da caridade não há salvação” (E.S.E., cap. XV), ecoando exatamente a essência desta parábola. Emmanuel reforça: “Amar o próximo não é simples dever, é a própria essência da vida” (“Vinha de Luz”, cap. 54).
A Parábola dos Talentos – Aponta para a lei do trabalho e do progresso, mostrando que a cada espírito são confiadas possibilidades de crescimento. Emmanuel ensina: “O talento é sempre oportunidade que o Pai concede” (“Fonte Viva”, cap. 63). O Espiritismo interpreta essa parábola como um convite a não desperdiçar o tempo e os recursos espirituais.
O Joio e o Trigo – Demonstra a convivência do bem e do mal no mundo. Kardec nos traz a lição que “o joio representa a imperfeição humana, que o tempo e o progresso eliminarão” (“A Gênese”, cap. XVIII). Emmanuel acrescenta: “O mal não é eterno; é apenas sombra que se dissipa ao toque da luz” (“Vinha de Luz”, cap. 98).
Jesus nos convida a segui-lo
A escolha de Jesus pelas parábolas foi estratégica e pedagógica. Ele falava a um povo simples, acostumado à agricultura, ao pastoreio, às lidas diárias. Dessa forma, ao falar de sementes, talentos, vinhas e colheitas, transmitia conceitos eternos em linguagem acessível. Mais do que isso: a parábola vela e revela. Vela o ensino profundo para os despreparados e revela a verdade para os que têm ouvidos de ouvir e olhos de ver.
Como destaca Emmanuel: “Jesus não ofereceu tesouros prontos; indicou caminhos. Não deu conquistas feitas; convidou ao trabalho” (“Fonte Viva”, cap. 5). As parábolas, assim, são convites vivos à transformação do homem, convocando-o à responsabilidade diante da vida e da imortalidade.
À luz do Espiritismo, as parábolas de Jesus são joias divinas, guardando em sua simplicidade o roteiro da evolução humana. Hoje, com a contribuição da Doutrina Espírita, compreendemos melhor seus significados ocultos, que falam não apenas da vida material, mas principalmente da vida espiritual.
A Doutrina Espírita nos ajuda a perceber que cada parábola é um chamado à reforma íntima, à prática da caridade e ao cultivo da fé raciocinada. Como sementes eternas, as parábolas aguardam que o coração humano, em sua marcha evolutiva, se torne o solo fértil capaz de fazê-las florescer em plenitude.
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