Blog dos Espíritos

Deus e o Espírito Imortal

29/09/2025 09:53 - por Rosane Sacilotto sacilottorosane @gmai.com

Deus, Pai e Criador

A Doutrina Espírita tem como um de seus pilares a certeza da existência de Deus e da imortalidade do espírito. Essas verdades fundamentais atravessam todas as obras da Codificação, convidando-nos à reflexão profunda sobre o Criador e a destinação da alma humana.

Logo no início de “O Livro dos Espíritos”, na questão 1, Kardec pergunta: “Que é Deus?”. E a resposta dos Espíritos Superiores é clara e precisa: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. Não se trata de uma concepção antropomórfica ou limitada, mas da afirmação de um Ser eterno, infinito em perfeições, causa de tudo o que existe.

Mais adiante, na questão 4, ao ser perguntado se o homem pode compreender a natureza íntima de Deus, os Espíritos respondem: “Não; falta-lhe, para isso, o sentido”. Dessa forma, o Espiritismo nos ensina que Deus pode ser reconhecido por Seus atributos e pela obra da criação, mas nunca apreendido em Sua essência pela limitada inteligência humana.

O Espírito Emmanuel, em “O Consolador”, aprofunda essa visão ao afirmar:

“Deus é a origem e o fim de todas as coisas, e o homem, em sua caminhada evolutiva, encontra em cada passo novos reflexos da Divindade, que o conduzem, gradativamente, à perfeita comunhão com o Criador”.

Na obra “A Gênese”, Kardec apresenta a fundamentação: “A existência de Deus é um fato atestado não apenas pela revelação, mas pela evidência material. O universo existe; logo, tem uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar a própria evidência, pois a ordem do mundo revela uma inteligência suprema”.

Essa lógica fundamenta o pensamento espírita: nada do que existe poderia provir do nada. A matéria, as leis da natureza, a consciência e o espírito imortal testemunham a ação de uma causa inteligente. E essa causa inteligente é Deus, nosso Pai e Criador, ainda que nos falte capacidade de compreensão e de definição, trazemos essa certeza dentro dos corações, essa fé raciocinada.

A imortalidade da alma

Outro ponto essencial da Doutrina Espírita é a certeza da sobrevivência do espírito após a morte do corpo físico. Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, na questão 76, questiona: “Que definição se pode dar dos Espíritos?” e recebe a resposta: “Pode-se dizer que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material”. Aqui se apresenta a noção de que o ser humano não é apenas corpo, mas espírito imortal revestido temporariamente de matéria.

Nos mostra o Espírito como ser individual, distinto, dotado de consciência, memória e destino próprio. Ele não se dissolve após a morte, tampouco se confunde com uma energia impessoal. É um ser real, com identidade que atravessa os séculos, caminhando da simplicidade para a perfeição. A morte, nesse sentido, não é um fim, mas uma passagem, um retorno à vida verdadeira, a espiritual.

No capítulo II de “O Céu e o Inferno”, Kardec afirma: “A alma é o ser principal, o corpo é acessório. O corpo se destrói, a alma sobrevive”. Tal ensino destrói o medo da aniquilação e nos chama à responsabilidade pelos nossos atos, uma vez que a vida continua e cada um colherá, no futuro, os frutos do que semear no presente. André Luiz, em Nosso Lar, confirma essa realidade ao narrar: “A morte não extingue, transforma. A vida prossegue vitoriosa, e o espírito continua sua jornada de aprendizado e redenção”.

Kardec, em “O Céu e o Inferno”, declara: “A alma conserva sua individualidade após a morte. Jamais se perde no todo universal como algumas filosofias ensinaram”. Isso significa que cada espírito mantém sua memória, seu caráter e sua essência, carregando consigo os frutos de suas escolhas e experiências.

Não há dissolução no “nada” nem fusão anônima com o todo, mas sim continuidade de uma jornada consciente. André Luiz, em “Evolução em Dois Mundos”, explica: “A morte é apenas uma mudança de plano, mas a alma permanece em si mesma, trazendo consigo todo o patrimônio das aquisições que já realizou”.

Filhos de Deus, destinados à felicidade

A Doutrina Espírita também nos explica que o espírito é criado simples e ignorante, mas destinado à perfeição. Pela Lei de Progresso, ele evolui incessantemente, através das experiências, reencarnações e aprendizados adquiridos no contato com o próximo. Emmanuel, no livro “O Consolador”, reforça: “O espírito é eterno, e cada reencarnação é um capítulo da obra infinita de sua educação divina”.

Em “O Livro dos Espíritos”, questão 132, os Espíritos respondem: “Deus impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisto é que está a expiação. A encarnação tem ainda outro fim, que é o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação”.

Emmanuel complementa esse ensinamento em “Roteiro”: “A vida é escola bendita e o espírito imortal, eterno aprendiz. Cada existência é uma oportunidade de crescimento, de reparação e de conquista”.

A Doutrina Espírita, ao nos falar de Deus e do Espírito, oferece um consolo profundo e uma lógica grandiosa para a existência. Reconhecer em Deus a causa primária de todas as coisas e aceitar a imortalidade do espírito nos liberta do materialismo e nos inspira a viver com responsabilidade moral, confiança no futuro e esperança no progresso espiritual.

Como sintetizou Kardec em “O Livro dos Espíritos”, questão 918: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações”. Assim, viver à luz da fé raciocinada é caminhar na certeza de que somos filhos de Deus, espíritos imortais destinados à felicidade plena, em comunhão com o Criador.

Em “O Livro dos Espíritos” questão 1009 lemos: “O espírito é obra de Deus, destinado à felicidade. Se dela se afasta, é por culpa sua; mas cedo ou tarde alcançará o objetivo para o qual foi criado”. A certeza dessa individualidade imortal nos consola diante da morte, nos inspira à responsabilidade moral e nos abre horizontes de esperança. Somos, em essência, filhos de Deus, eternos viajores do tempo e da eternidade, cada qual com sua história única e destino grandioso.

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