Blog dos Espíritos
Nunca é um adeus
A morte não é o fim
O luto é uma das experiências mais profundas e desafiadoras da existência humana. Quando a morte visita nosso lar ou toca alguém que amamos, o coração se vê tomado por uma dor silenciosa, uma sensação de vazio e impotência. Contudo, a Doutrina Espírita, à luz dos ensinamentos do Cristo, através da Codificação de Allan Kardec, nos oferece uma nova compreensão sobre a morte, não como o fim, mas como a continuidade da vida em outra dimensão, onde os laços de amor permanecem indestrutíveis.
Para o Espiritismo, o luto é um tempo de recolhimento e reflexão, mas também de fé e esperança, pois a separação é apenas temporária. O amor, sendo a expressão mais pura do Divino, jamais se desfaz. Assim, o Doutrina Espírita nos ensina que nunca é um adeus, mas apenas uma separação temporária pela qual devemos passar.
A morte não é o fim, apenas uma mudança de estado, de plano. Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec nos mostra que a vida não se restringe à existência física. Na questão 150, pergunta: “A alma, depois da morte, conserva a sua individualidade?”. E os Espíritos Superiores respondem: “Sim, jamais a perde. O que seria ela se não a conservasse?”. Essa simples resposta contém uma das maiores consolações que o Espiritismo nos oferece: a certeza de que somos imortais. O Espírito sobrevive à morte do corpo, mantendo sua consciência, seus sentimentos e suas lembranças.
Em “O Céu e o Inferno”, Kardec reforça: “A morte não é senão a separação do Espírito e do corpo. O corpo perece e o Espírito vive”. Dessa forma, compreendemos que a morte é uma lei natural, uma etapa no processo evolutivo do Espírito. Se a vida material é um aprendizado, a vida espiritual é a continuidade desse aprendizado em planos mais sutis, onde cada ser colhe o que semeou.
A dor do luto
Mesmo com a fé na imortalidade, o coração humano sofre. O Espiritismo não condena o pranto nem o sentimento de saudade. Chorar é natural. A dor é a expressão do amor que sente a ausência física de quem partiu. Mas há uma diferença essencial entre a dor que consola e a dor que desespera. Emmanuel, através de Chico Xavier, esclarece: “Louvemos os entes amados que nos deixam, convertendo separação em esperança”.
O luto, no entendimento do Espiritismo, deve ser vivido com serenidade e fé. A prece e o pensamento de amor são bálsamos que alcançam o Espírito desencarnado, auxiliando-o em sua adaptação à nova realidade. O desespero, ao contrário, o perturba, criando laços de sofrimento mútuo. Por isso, o Evangelho nos convida à resignação e à confiança. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo V (“Bem-aventurados os aflitos”), lemos: “A resignação é o consentimento do coração; é a submissão da alma à vontade de Deus”. Assim, quando aceitamos com humildade a separação temporária, nossa dor se transforma em esperança ativa e o amor se reveste de fé e compreensão.
O amor não morre
Um dos ensinamentos mais consoladores da Doutrina Espírita é a certeza de que os laços de amor não se rompem com a morte. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo IV, encontramos a bela afirmação: “Os laços de afeto que unem os Espíritos são eternos”. Isso significa que o amor verdadeiro transcende a matéria e o tempo. Aqueles que amamos continuam vivos, conscientes, e muitas vezes nos acompanham, amparando-nos em nossas lutas diárias.
Emmanuel nos ensina que: “A morte não extingue a luz; apenas apaga a lâmpada porque chegou a aurora”. Os Espíritos não estão longe. Habitam dimensões próximas à nossa, sintonizados com os nossos pensamentos. Quando oramos, quando lembramos com ternura, quando cultivamos a fé, criamos pontes luminosas entre os dois planos da vida.
A saudade é o preço do amor, mas também a certeza de que o reencontro é inevitável. Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, questão 402, pergunta: “Os Espíritos que se conheceram na Terra se reconhecem no mundo dos Espíritos?”. E a resposta é: “Sim, e é essa a felicidade dos bons Espíritos”. Essa promessa divina transforma a separação em espera confiante.
Léon Denis, em sua obra “Depois da Morte”, confirma essa esperança ao dizer: “Os que se amam não estão separados senão por um véu leve, e esse véu cairá um dia”. Assim, cada despedida é apenas uma pausa, um intervalo na jornada das almas que se amam e que, sob a Lei de Deus, voltarão a se reunir, seja no mundo espiritual, seja em futuras existências corpóreas. O Espiritismo, ao revelar a lei da reencarnação, mostra que a vida é um contínuo entrelaçar de reencontros e oportunidades de crescimento mútuo.
Fé que consola
Diante da saudade, o remédio mais eficaz é a prece sincera. A oração tem o poder de acalmar o coração e também de alcançar o Espírito que partiu, oferecendo-lhe luz, paz e conforto. Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XXVII, ensina: “A prece é uma invocação; por ela o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige”.
Quando oramos com amor, ajudamos o Espírito em sua nova etapa e recebemos, em troca, sua inspiração e seu carinho. É um intercâmbio de sentimentos que ultrapassa os limites da morte. A fé raciocinada que o Espiritismo propõe não anula a dor, mas a ilumina com propósito e confiança. Ela nos ensina a compreender que tudo ocorre sob a sabedoria divina e que a separação é apenas aparente.
Diante das lágrimas e da saudade, o Espiritismo nos estende os braços do consolo. Ensina-nos que a morte não é o fim, mas uma transição para um plano mais luminoso da existência. Os laços de amor permanecem, os reencontros são certos e a vida prossegue em infinita renovação. Como ensinou Chico Xavier, com sua ternura inesquecível: “Nossos entes queridos não morrem. Apenas seguem adiante, vivendo em outra dimensão, aguardando o momento do reencontro”.
Assim, o luto, para o Espiritismo, não é negação nem desespero, mas amor que espera, fé que confia e esperança que consola. Porque, para os que creem na imortalidade da alma, a morte não separa, apenas aproxima de outra forma. E assim, entre o plano material e o plano espiritual, nunca é um adeus… apenas um “até breve”.
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