Blog dos Espíritos
O amor, maior de todas as virtudes
O mandamento maior
Desde os primórdios do ensinamento cristão, o amor é apresentado como a essência divina que rege a vida, o sentimento que mais aproxima o ser humano de Deus. Na Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, o amor é compreendido não apenas como emoção nobre, mas como lei universal que sustenta a harmonia do Universo.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XI, intitulado “Amar o próximo como a si mesmo”, os Espíritos Superiores esclarecem o verdadeiro sentido da Lei de Amor, que Jesus resumiu no mandamento fundamental: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Mateus 22:37-39). Ao que Kardec comenta: “O amor é de essência divina e todos vós, desde o primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado”. Essa centelha divina é o germe da perfeição que Deus depositou em cada Espírito, destinado a desenvolver-se através das sucessivas experiências reencarnatórias. Quando interrogado sobre qual seria o maior mandamento, Jesus sintetizou toda a Lei no amor. Esse mandamento é, portanto, a síntese de todas as virtudes.
Assim, o amor, para o Espiritismo, não é uma virtude passiva, mas um exercício constante de elevação moral. Kardec afirma que “fora da caridade não há salvação”, e a caridade nada mais é do que o amor em ação, o amor em movimento em direção ao bem. No Livro dos Espíritos, na questão 886, Allan Kardec pergunta: “Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?”. E os Espíritos respondem: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”. Esses três aspectos, benevolência, indulgência e perdão, são expressões práticas do amor. Não é possível amar sem compreender, sem tolerar e sem perdoar. Amar é expandir a luz interior que dissolve as sombras da ignorância e do egoísmo.
O amor como Lei Universal
A Doutrina Espírita ensina que o amor é a lei suprema que governa todas as relações, humanas e espirituais. Em “A Gênese”, Kardec afirma: “O amor é a alavanca que Deus deu ao homem para levantar o fardo das suas misérias”. Dessa forma, o amor é força dinâmica de progresso. Ele move o Espírito em direção à perfeição e à felicidade verdadeira, libertando-o gradualmente das amarras do orgulho e do egoísmo, que são as causas primordiais do sofrimento humano.
Emmanuel, no livro “O Consolador”, reforça essa visão: “O amor é a força divina que transforma o destino. Sem ele, a inteligência pode ser luz que deslumbra, mas não ilumina”. Já em “Pensamento e Vida”, André Luiz aprofunda: “O amor é a vibração do equilíbrio. É a presença de Deus em nós, sustentando o universo interior e mantendo a harmonia entre todas as criaturas”.
Joanna de Ângelis, por sua vez, em “O Despertar do Espírito”, lembra que o amor é conquista evolutiva e que, para atingi-lo, é preciso disciplinar as emoções e educar os sentimentos: “Amar é compreender, servir e libertar. Quem ama não exige, oferece”. Todas essas lições vêm ao encontro do Evangelho, em que Jesus demonstra o amor não apenas com palavras, mas com atitudes, acolhendo os aflitos, curando os doentes e perdoando seus algozes.
Base de todas as virtudes
O amor é o ponto culminante de todas as virtudes: fé, esperança, humildade, caridade e perdão são expressões parciais desse sentimento supremo. Sem amor, todas as outras virtudes se tornam estéreis. Por isso, Paulo de Tarso, em sua epístola aos Coríntios, declarou com sabedoria atemporal: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” (1 Coríntios 13:1).
A Doutrina Espírita confirma essa verdade, ensinando que o amor é o coroamento da evolução espiritual. O Espírito que aprendeu a amar verdadeiramente já conquistou a paz interior e tornou-se cooperador de Deus na obra do bem.
Amar, segundo o Espiritismo, é viver a plenitude da Lei Divina. É compreender que todo ser é filho do mesmo Pai e, portanto, digno de respeito, perdão e ternura. É reconhecer, em cada oportunidade de convivência, uma chance de servir e crescer.
O mandamento maior de Jesus, amar a Deus e ao próximo, resume toda a moral espírita. O amor é a ponte que liga o humano ao divino, o instrumento pelo qual a criatura se aproxima do Criador. Como afirma o Espírito Lázaro, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “O amor resume toda a doutrina de Jesus; é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito”. Assim, o amor é o destino supremo da alma. É a herança divina que, um dia, brilhará plenamente em todos os corações. Por isso Kardec nos inspira, dizendo-nos: “Espíritas, amai-vos. Eis o primeiro ensinamento”.
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