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Invocação do Mal 4 – O Último Ritual: fim de jornada

04/09/2025 09:30 - por Jorge Ghiorzi jghiorzi@gmail.com

Quando o primeiro "Invocação do Mal" foi lançado em 2013, a produção surgiu não como mais uma sequência tardia de franquias consagradas como "O Exorcista" ou "Amityville", mas como uma bem-sucedida renovação da estética. O filme deu uma recauchutada moderna nos filmes de terror "bem comportados" dos anos 1970, encontrando um formato que cativou o público.

Turbinado por efeitos especiais e computação gráfica aplicada sem exageros, seu maior trunfo foi se mostrar essencialmente baseado em personagens sólidos, e não apenas em sustos ou violência gratuita. Pouco mais de uma década depois, chegamos a este "Invocação do Mal 4: O Último Ritual", (The Conjuring: Last Rites ) que promete encerrar a saga com uma história tão emblemática que forçaria os famosos investigadores de paranormal Ed e Lorraine Warren (interpretados com carisma habitual por Patrick Wilson e Vera Farmiga) a sair definitivamente dos holofotes.

A trama central, inspirada em mais um dos célebres casos reais dos Warren, acompanha o casal na investigação da assombração da família Smurl, em West Pittston, Pensilvânia. Entre 1974 e 1989, a família teria sido vítima de uma presença demoníaca tão intensa e agressiva que resultou em uma tempestade midiática e em um livro coescrito pelos próprios investigadores.

Esta base factual, uma marca da franquia, serve novamente como alicerce para uma narrativa onde o bem e o mal não são abstrações, mas forças reais e tangíveis. Este é um dos pilares que explica a popularidade da saga, ao apresentar histórias católicas onde pessoas boas são desafiadas a manter suas almas intactas.

Felizmente, "O Último Ritual" é apropriadamente aterrorizante e representa, sob certos aspectos, um retorno às origens após o desinteressante terceiro filme. Sob a direção de Michael Chaves, que comanda a franquia principal pela segunda vez, o longa demonstra uma evolução clara. Chaves está em melhor forma, construindo momentos de genuína tensão e demonstrando um olhar muito mais atento às emoções das personagens.

São essas emoções, afinal, as verdadeiras forças motrizes capazes de provocar os tão desejados sentimentos de empatia na plateia, elevando o terror além do susto momentâneo. O filme é, sem dúvida, um retorno bem-sucedido às origens, evocando o espírito e a eficácia do primeiro longa de doze anos atrás, sendo muito mais bem-sucedido em seu artifício de provocar medo do que seus dois predecessores imediatos.

Se este é, de fato, o capítulo final da jornada dos Warren, "O Último Ritual" cumpre seu papel com dignidade. Ele entende que o legado da franquia não está apenas nos fenômenos paranormais que retrata, mas na luta humana e afetiva contra eles. O filme equilibra a escala grandiosa de um "último ritual" com a intimidade que sempre definiu seu casal protagonista, oferecendo uma conclusão satisfatória tanto para os fãs de longa data quanto para aqueles que simplesmente buscam uma sessão eficiente de sustos bem dosados.

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