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Jurassic World - Recomeço: extinção adiada (por enquanto)
Os dinossauros foram extintos há 65 milhões de anos. Já a franquia Jurassic World parecia condenada ao mesmo destino após uma década de filmes irrelevantes, redundantes e óbvios. Se um meteoro exterminou os gigantes pré-históricos, foram roteiros preguiçosos e excesso de CGI vazio que quase enterraram a saga. Mas, como o título sugere, este “Jurassic World: Recomeço” (Jurassic World: Rebirth) prova que renascimentos são possíveis, desde que haja insistência e um pouco de nostalgia calculada.
Ambientado anos após o colapso do Jurassic World, neste “Recomeço” acompanhamos Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) e Owen Grady (Chris Pratt), agora vivendo à margem do mundo caótico pós-dinossauros. Quando uma equipe de pesquisadores, incluindo a obstinada Dra. Mae Turner (Scarlett Johansson) e o ex-militar Ezekiel "Zeke" Carter (Jonathan Bailey), invade uma zona proibida no Equador, onde os últimos dinossauros sobrevivem em isolamento, a missão científica rapidamente descamba em um pandemônio pré-histórico. Enquanto isso, Kayla Watts (DeWanda Wise), uma piloto sarcástica, torna-se a aliada improvável do grupo em sua fuga desesperada.
O filme, sétimo da franquia, não traz em essência nada de novo. Assume deliberadamente o pastiche dos elementos que fizeram sucesso nos filmes originais. Cenas de perseguições claustrofóbicas, famílias em perigo (clichê inevitável da série) e dinossauros que oscilam entre a majestade animal e a ferocidade de monstros de horror. A diferença é que este “Recomeço” parece mais relaxado em sua fórmula, abraçando o humor e a leveza sem se levar demasiadamente a sério. A química entre Scarlett Johansson e Jonathan Bailey rende momentos dignos de uma comédia romântica, enquanto DeWanda Wise rouba cenas com seu timing afiado, um alívio cômico bem-vindo em meio ao caos pré-histórico.
Ainda assim, o longa sofre com a sobrecarga. Personagens demais (muitos descartáveis), subtramas que ofuscam o enredo principal (o desfecho improvável é mais memorável que a missão central) e uma profusão de criaturas novas como os velociraptors alados que, embora visualmente divertidas, não têm razão narrativa ou peso temático. A franquia sempre debateu se dinossauros são animais ou monstros, mas “Jurassic World: Recomeço” ignora a questão, preferindo espetáculo vazio em vez da reflexão.
Assistir com baixas expectativas é a senha para aproveitar a sessão. O filme é irregular, dependente de clichês e pouco original, mas entrega exatamente o que promete: ação frenética, piadas rápidas e dinossauros em alta definição. É um fast-food cinematográfico. Saboroso no momento, mas fácil de esquecer depois. Para fãs da saga, funciona como um "conforto perfeito"; para críticos, é a confirmação da lei do esgotamento crescente, etapa após etapa. No fim, o maior elogio que se pode fazer é que, desta vez, a extinção da franquia parece ter sido adiada.
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