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Quarteto Fantástico: um novo começo
Depois de três tentativas mal sucedidas, a Marvel finalmente acerta com a nova versão do Quarteto Fantástico, dirigida por Matt Shakman (da minissérie “WandaVision”). Com o título “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” (The Fantastic Four: First Steps) a produção, marcada por um estilo retrofuturista charmoso, transporta os heróis para uma Nova York estilizada dos anos 1960, resgatando o espírito original dos quadrinhos com uma roupagem moderna e divertida.
Sem perder tempo com a cansativa história de origem, o filme já nos apresenta a equipe plenamente formada e celebrada pela sociedade. O cientista elástico Reed Richards, o Sr. Fantástico, vivido por Pedro Pascal, é casado com Sue Storm, a Mulher Invisível, interpretada com elegância por Vanessa Kirby. Completam a equipe o explosivo Johnny Storm, o Tocha Humana (Joseph Quinn), e o sensível gigante de pedra Ben Grimm, o Coisa, interpretado por Ebon Moss-Bachrach. Juntos, eles já atuam como super-heróis há quatro anos, sendo apresentados ao público logo na abertura em um programa de variedades no estilo “Ed Sullivan”, o que ajuda a estabelecer o tom nostálgico da produção.
A trama gira em torno da chegada de uma ameaça cósmica sem precedentes: o temido Galactus, considerado o maior vilão da Marvel até hoje. Ao lado dele, surge o icônico Surfista Prateado, agora em uma versão feminina, decisão ousada que dividiu opiniões entre os fãs mais tradicionais. O foco no conflito com Galactus, sem recorrer a fórmulas repetitivas de origem, confere ritmo ao roteiro e permite que os personagens brilhem desde o início.
Este é o quarto filme live-action baseado no Quarteto Fantástico, e, sem dúvida, o mais bem-sucedido. A primeira tentativa, dirigida por Roger Corman nos anos 1990, nunca chegou aos cinemas, tornando-se uma relíquia cult. Nos anos 2000, a Fox apostou em duas produções com elenco carismático, incluindo Jessica Alba e Chris Evans, que, embora divertidas, não captaram a essência dos personagens. O reboot de 2015, por sua vez, foi um desastre completo, sombrio e sem humor, destoando completamente do espírito da equipe. Com esse histórico acidentado, é quase um milagre que o grupo tenha ganhado mais uma chance nas telonas. Mais impressionante ainda é o fato de essa chance finalmente ter sido bem aproveitada.
O diretor Matt Shakman demonstra domínio ao equilibrar espetáculo visual com desenvolvimento de personagens. Cada membro do quarteto tem tempo de tela suficiente para mostrar sua personalidade, e o filme sabe dosar humor, ação e emoção sem perder o fio da meada. O resultado é um longa coeso, estiloso e que respeita as raízes dos heróis sem abrir mão de atualizações ousadas.
Fiel ao seu subtítulo, este “Quarteto Fantástico” representa um novo começo, assim como o reboot recente do Superman promovido pela DC. O longa-metragem acerta ao oferecer ao público uma experiência menos saturada e mais autoral. Em tempos de exaustão dos filmes de super-heróis, a Marvel mostra que ainda há espaço para o frescor, o charme e, sobretudo, a fantasia bem contada.
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