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Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda: nostalgia tardia
Mais de vinte anos se passaram desde que “Sexta-Feira Muito Louca” (2003) conquistou o público como uma comédia adolescente divertida e sincera sobre as turbulências da relação entre mãe e filha. Agora, em “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda”, (Freakier Friday) temos a reunião tardia das atrizes Lindsay Lohan e Jamie Lee Curtis, retomando os papéis que as consagraram. No entanto, o que poderia ser uma celebração nostálgica transforma-se rapidamente em uma lição prática e dolorosa sobre como estragar uma premissa clássica.
Esta é uma sequência que ninguém pediu. Se a passagem do tempo era um tema adjacente e poético na obra original, aqui ela é constatada de forma crua: na prática, esta continuação perdeu completamente o senso de oportunidade, transformando-se em uma produção descaradamente oportunista e dispensável.
“Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” é um desastre para todos os envolvidos e parece existir por um único motivo: capitalizar em cima do sentimento nostálgico dos fãs originais, hoje adultos. A decepção que os aguarda é gigantesca e destruidora de ilusões, já que o filme não possui nada do charme alegre e descontraído daquele filme de duas décadas atrás.
A premissa, que já foi explorada com mais inspiração e graça em filmes como “De Repente 30” (praticamente um contemporâneo dos anos 2000), é agora "duplicada". A Anna de Lindsay Lohan é uma mãe solteira à beira de um novo casamento, enquanto a Tess de Jamie Lee Curtis lida com a vida como avó. A brincadeira, desta vez, se torna mais ambiciosa e, infelizmente, muito, muito menos engraçada. Anna tem uma filha adolescente, Harper (Julia Buters, a garota revelação de ”Era Uma Vez em... Hollywood”).
No colégio da garota, ela conhece Eric (Manny Jacinto), um viúvo atraente que tem uma filha: Lily (Sophia Hammons), uma fashionista malvada. Quando Anna e Eric ficam noivos, as duas jovens são confrontadas com a perspectiva de se tornarem meias-irmãs, levando a uma nova troca de corpos, não apenas uma, mas duas, o que, em teoria, prometia multiplicar as complicações cômicas.
A trama, portanto, parecia conduzir para uma comédia ainda mais radical do que a original. Mas, de alguma forma, o filme não se completa em suas possibilidades, perdendo-se completamente pelo caminho sem entregar o que prometia. O resultado final é uma confusão narrativa que falha em evocar a magia do primeiro filme e não consegue se sustentar por seus próprios méritos, confirmando-se como um exercício de nostalgia mal executado e profundamente esquecível.
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