Blog dos Espíritos
O Espiritismo na Pátria do Evangelho
A codificação e os primeiros núcleos espíritas brasileiros
O Espiritismo, codificado por Allan Kardec a partir de 1857 com a publicação de “O Livro dos Espíritos”, expandiu-se rapidamente pela Europa e, em seguida, alcançou o continente americano. No Brasil, sua chegada encontra registros já na década de 1860, por meio de obras trazidas da França, especialmente para cidades como Salvador, Rio de Janeiro e Recife, onde intelectuais e estudiosos começaram a se interessar pelos ensinamentos da nova doutrina.
O marco histórico inicial pode ser atribuído à tradução de “O Livro dos Espíritos” em 1875 por Torres Homem e Fortunato Azambuja. Pouco depois, surgiram grupos de estudo e sociedades espíritas, como a Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade, fundada em Salvador em 1865, considerada o primeiro núcleo organizado do Espiritismo no país.
Mais tarde, a Federação Espírita Brasileira (FEB), fundada em 1884, tornou-se um pilar da unificação e da difusão da Doutrina, especialmente a partir da liderança de Bezerra de Menezes, o “Médico dos Pobres”, que consolidou o caráter cristão e caritativo do movimento.
O Brasil, desde então, acolheu a Doutrina Espírita como solo fértil. Como ensina Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (cap. I, item 10): “O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra”.
No entanto, para compreender plenamente a razão de o Espiritismo ter florescido com tanta força em nosso país, é necessário recorrer à revelação espiritual contida em “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, que mostra o papel da nação no plano divino.
A missão espiritual do Brasil
Enquanto o Espiritismo se expandia, a obra “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, psicografada por Chico Xavier e ditada pelo Espírito Humberto de Campos (Irmão X), trouxe uma compreensão mais ampla da tarefa espiritual do país. Nela, aprendemos que o Brasil foi escolhido pela Providência Divina como solo fértil para a renovação moral e espiritual da humanidade, recebendo a missão de ser o "coração do mundo" pela sua capacidade de irradiar sentimentos fraternos, e a "pátria do evangelho" pela vivência da mensagem de Jesus em sua essência.
Na obra, o Espírito Humberto de Campos descreve que o próprio Cristo confiou ao Espírito Ismael a tarefa de guiar os destinos espirituais do Brasil: “Jesus, compadecido dos povos sofredores da Terra, designou a Ismael a missão de dirigir espiritualmente a formação da pátria do Evangelho” (cap. 1). Essa missão, longe de ser um privilégio, é um compromisso de trabalho e de serviço.
O livro mostra que os acontecimentos históricos, como a colonização portuguesa, a mistura de raças, a diversidade cultural e religiosa, não se deram ao acaso. Eram instrumentos da espiritualidade para formar uma terra preparada para acolher o Evangelho redivivo.
Em outro trecho, Humberto de Campos enfatiza o caráter acolhedor e fraterno que deveria marcar o destino do país: “O Brasil seria a terra da fraternidade, onde todas as raças do orbe aprenderiam a viver como irmãs, sob a inspiração cristã” (cap. 3).
Segundo essa narrativa espiritual, o Cristo confiou ao Brasil a responsabilidade de acolher e difundir o Espiritismo como luz renovadora, garantindo a preservação do Evangelho em sua pureza e simplicidade. Esse papel não anula as lutas, desigualdades e provas que o país enfrenta, mas aponta para sua vocação de servir como referência moral e espiritual na transição da humanidade para uma nova era.
Consolidação do Espiritismo no Brasil
A partir do Século XX, com a obra de Chico Xavier e outros médiuns reconhecidos, como Yvonne do Amaral Pereira e Divaldo Franco, o Espiritismo brasileiro consolidou sua feição fiel à codificação de Kardec e profundamente ligado à prática da caridade. Essa característica resgata a essência do Evangelho, como Kardec destacou em “O Evangelho Segundo o Espiritismo, quando afirmou que “fora da caridade não há salvação”.
Assim, o Brasil tornou-se o país com o maior número de espíritas no mundo, não apenas pela quantidade de adeptos, mas pela vivência comunitária da doutrina em centros espíritas, obras sociais e na divulgação constante das ideias espíritas. O histórico da chegada do Espiritismo ao Brasil, unido à visão espiritual da missão do país apresentada em “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, mostra que a Doutrina Espírita encontrou aqui terreno fértil para se desenvolver.
As dificuldades sociais e morais não anulam essa missão, mas, ao contrário, constituem os desafios que impulsionam sua concretização. Como ensina Allan Kardec, o Espiritismo veio “para instruir os homens e conduzi-los ao progresso moral”. No Brasil, esse chamado ecoa com força, convidando cada coração a transformar-se em pequeno foco de luz, para que a pátria do Evangelho cumpra plenamente seu papel de irradiar ao mundo a mensagem libertadora de Jesus.
Cabe a nós, cidadãos da pátria do Evangelho, difundir as mensagens de amor e caridade, tomando o lugar que nos cabe de coração do Mundo. Inspirados pela mensagem deixada por Humberto de Campos, que resume a vocação do nosso país: “O Brasil é o coração do mundo, porque aqui pulsa a vida mais intensa da fé e da esperança. E é a pátria do Evangelho, porque Jesus reservou a esta terra o ministério de difundir a sua mensagem divina entre todas as nações” (Cap. 7).
Contudo, como adverte Humberto de Campos, essa missão é também responsabilidade: “Não é privilégio, mas compromisso. Não é glória fácil, mas trabalho e sacrifício em favor do mundo” (Cap. 11).
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