Blog Do Mistério

Os médicos da peste

17/11/2022 09:06 - por Gisele Wommer

A pandemia do Covid 19 despertou o interesse por uma figura histórica controversa: os médicos da peste. Os registros da presença deles iniciam no Século XIV quando a humanidade enfrentou a sua mais devastadora pandemia: a peste bubônica (conhecida como peste negra), cujo vários surtos foram registrados ao longo da história medieval.

Os chamados plague doctors, traduzindo para o nosso português: doutores da peste, eram contratados pelas cidades para tratar os pacientes infectados, principalmente aqueles de baixa renda. Mas apesar de serem chamados para ajudar na solução de um problema mortal, sua presença não era bem-vista nos locais aonde chegavam e servia de alerta aos moradores que deviam procurar outro lugar para viver.

Isto porque os médicos da peste pouco salvaram pessoas, na verdade, em sua maioria nem médicos eram. Não foi por maldade, não havia pessoas sãs suficientes disponíveis para o atendimento de todas as demandas, assim alguns doutores haviam iniciado estudos recentemente e outros vinham de profissões diversas, como fruteiros. A principal função deles era contabilizar o número de mortos e contaminados, faziam uma espécie de senso macabro.

E a época também apresentou os seus problemas. Algumas famílias e alguns governantes achavam ruim ter um número de contaminados muito alto em suas contas, por isso ofereciam propinas aos médicos para que eles atestassem que as mortes haviam ocorrido por outros fatores. E desta forma, estima-se que o número oficial de mortos pela peste bubônica é possivelmente muito maior do que o que conhecemos. Qualquer semelhança com fatos recentes não é mera coincidência, há teorias que afirmam que “tudo já aconteceu antes”, inclusive aplicativos que buscam comprová-las.

Os médicos levavam aos contaminados os tratamentos disponíveis na época, utilizavam ervas, sapos, sanguessugas e às vezes até faziam as famosas sangrias nos pacientes, que buscava eliminar o sangue, diminuindo a contaminação, claro que não funcionava. E também levavam uma vara, esta destinada a bater naqueles desesperados que se agarravam nos supostos médicos como sua última salvação. Além disso, eles vendiam alguns tratamentos milagrosos, ineficazes.

Curiosidade: E as máscaras sinistras com bico de pássaro? Tinha um fundamento, nos longos bicos eram colocadas ervas de cheiro ou panos embebidos em vinagre, para que o médico não sentisse o odor dos pacientes por onde andava e ficasse livre da peste. Com o tempo a técnica se provou ineficaz. Além da máscara, a roupa também era toda preparada: túnica longa, galochas, luvas, chapéu, o médico devia permanecer totalmente sem contato com os contaminados durante os atendimentos. 

“A morte e a doença colocam todas as pessoas no mesmo patamar.” Mary Shelley.

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