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Lilo & Stitch: reencontro de um velho companheiro
Lançada em 2002, a animação “Lilo & Stitch” foi um grande sucesso de bilheteria e consolidou Stitch como um dos personagens mais icônicos da Disney no século XXI. Duas décadas depois, o alienígena azul permanece onipresente no imaginário pop, estampando produtos que vão de bichinhos de pelúcia a material escolar. Diante desse legado, era inevitável que o estúdio apostasse em um remake em live-action, seguindo a tendência de releituras como o recente “Branca de Neve” (2024).
Com 23 anos de distância do original, o novo “Lilo & Stitch” (2025) busca conquistar tanto os fãs nostálgicos quanto uma nova geração, alimentada ao longo dos anos por sequências diretas para vídeo e séries animadas. Dirigido por Dean Fleischer Camp e orçado em 100 milhões de dólares, o filme equilibra fidelidade ao material de origem e adaptações pontuais aos tempos atuais. No entanto, ainda que tecnicamente competente, a produção peca por ser mais uma réplica convencional do que uma reinvenção necessária.
A história acompanha Lilo, uma menina havaiana solitária que vive sob os cuidados da irmã mais velha, Nani, após a morte dos pais. Enquanto as duas enfrentam dificuldades financeiras e a ameaça de ter Lilo levada pelos serviços sociais, a vida delas muda quando o experimento alienígena 626 (Stitch) cai na Terra. Considerado uma ameaça por sua espécie, Stitch foge de seus captores e encontra refúgio com Lilo, que o adota como seu "cachorro" disfuncional. Ao longo da narrativa, os dois aprendem sobre família, pertencimento e aceitação, enquanto agentes intergalácticos tentam recuperar a criatura.
O filme preserva os elementos centrais da trama original, mas falha em justificar sua existência além do interesse comercial. O Stitch em CGI, embora visualmente impressionante, carece do charme artesanal da animação tradicional. A direção é segura, porém pouco inventiva, resultando em cenas que replicam o original sem acrescentar novas camadas emocionais ou temáticas.
Alguns ajustes modernos são perceptíveis, como uma representação mais diversa da comunidade havaiana e diálogos atualizados, mas nada que compense a ausência da ousadia do primeiro filme. A versão de 2002 destacou-se por seu humor ácido, críticas sutis ao colonialismo turístico e uma abordagem genuína sobre luto e família. Já o remake, embora divertido e emocional em momentos pontuais, parece mais preocupado em atender a uma fórmula do que em resgatar a alma do material original.
“Lilo & Stitch” (2025) é um produto competente, mas desnecessário. Funciona como uma introdução nada mais que aceitável para novos espectadores, mas não supera – ou sequer iguala – a inventividade e o coração da animação de 2002. Se há um mérito nessa releitura, é servir como um convite para revisitar o clássico original, cuja técnica artesanal e narrativa afiada continuam insuperáveis. Para os fãs de longa data, o filme pode gerar um misto de afeto e frustração; para os desavisados, talvez seja apenas mais uma aventura familiar esquecível. No fim, Stitch merecia mais do que uma simples reencarnação digital – merecia uma história à altura de seu legado.
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