Blog dos Espíritos
Fé na vida: dias melhores virão
Um degrau no caminho
A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, nos esclarece que a vida terrena, nossa vida atual, é uma etapa transitória no caminho evolutivo do Espírito. Em “O Livro dos Espíritos”, aprendemos que a verdadeira vida é a espiritual, e que a existência corporal é apenas uma passagem necessária para o progresso, onde se colhem experiências, lições e oportunidades de crescimento.
O Espiritismo é, sobretudo, uma mensagem de esperança. Quando Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, pergunta qual é o objetivo da encarnação, os Espíritos Superiores respondem com clareza: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição” (questão 132). Ou seja, a vida na Terra não é castigo, mas bênção. É oportunidade sublime de aperfeiçoamento, onde as provas e expiações surgem como instrumentos educativos para a alma que busca ascender.
Da mesma forma, aprendemos que a lei do progresso rege todos os seres. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Kardec afirma que “a vida é uma prova ou expiação, mas sempre um degrau no caminho da perfeição”. Isso nos mostra que, por maiores que sejam as dores do presente, elas não são eternas, mas instrumentos de aprendizado e de fortalecimento da alma.
Nada permanece estagnado no universo. A dor que hoje pesa nos ombros é, em verdade, impulso que nos move para frente. O sofrimento não é eterno, pois Deus, em Sua misericórdia, destinou a todos os Seus filhos o triunfo do bem e da felicidade.
A vida continua
Emmanuel, por meio de Francisco Cândido Xavier, nos recorda que “ninguém sofre inutilmente”. Para ele, toda dificuldade é um recurso da Providência Divina a fim de despertar em nós a paciência, a fé e a capacidade de superação. O sofrimento não é punição, mas lição. Ele ensina que “a dor é sempre uma benção quando bem compreendida”, porque nos conduz a refletir, a valorizar o que é eterno e a descobrir o amor como caminho de libertação.
André Luiz, em suas descrições da vida espiritual, especialmente na obra “Nosso Lar”, mostra que a morte não existe: o Espírito desperta em outra dimensão da vida, consciente de si mesmo, trazendo consigo as consequências de suas escolhas. Esse testemunho nos revela que a existência terrena é um curto estágio de preparação para a eternidade. Quando pensamos no suicídio como fuga, esquecemos que, além do túmulo, prossegue a vida e, com ela, os mesmos desafios, acrescidos do arrependimento e da dor pela oportunidade interrompida.
Joanna de Ângelis aprofunda o tema ao unir psicologia e Espiritismo. Ela ressalta que a fé raciocinada é antídoto contra o desespero. Quando a criatura compreende a finalidade da dor, encontra forças para atravessar as tempestades existenciais. A vida não é uma sucessão de sofrimentos sem sentido, mas uma escola para o Espírito imortal.
E Joanna nos convida a cultivar a esperança, a oração e o amor, como recursos de equilíbrio e sustentação diante das crises. Para ela, a valorização da vida nasce do autoconhecimento e da confiança em Deus. Mesmo em meio a tormentas íntimas, devemos cultivar a certeza de que toda noite dá lugar ao amanhecer, e que nenhuma dor resiste ao tempo quando o coração se abre à fé.
Yvonne do Amaral Pereira, ao relatar as dores dos que cederam ao suicídio em “Memórias de um Suicida”, faz um alerta doloroso, mas profundamente educativo. O suicídio não resolve, agrava. O Espírito se vê diante das mesmas angústias, agora multiplicadas pelo arrependimento e pela sensação de ter desertado da lição que lhe cabia. Seu testemunho é convite à perseverança: se a dor é grande, maior ainda é o amparo de Deus, que jamais nos abandona.
O verdadeiro sentido da vida
Kardec nos lembra, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (cap. V, item 18): “O fardo parece menos pesado quando se olha para o alto, do que quando se curva a fronte para a terr.a” Esta lição nos mostra que a esperança na vida futura é força que transforma o peso da dor em degraus para a vitória espiritual. Portanto, o Espiritismo nos ensina que a vida deve ser valorizada como dádiva divina. Nada é em vão. As lágrimas que derramamos hoje são sementes de renovação para o futuro.
O suicídio, por mais tentador que pareça como fuga, não soluciona: apenas transfere a dor. A coragem verdadeira consiste em enfrentar a vida, confiando que Deus, em Sua sabedoria, não coloca sobre os ombros de nenhum de Seus filhos um peso maior do que possam carregar.
A soma desses ensinos nos mostra que o sentido da vida está em aprender, amar e progredir. A dor e a dificuldade são capítulos de um livro maior, que jamais termina em sofrimento, mas em renovação. Acreditar na vida após a morte é compreender que o presente é apenas um instante na eternidade, e que as lágrimas de hoje regam as flores do amanhã. Assim, quando o peso da existência parecer insuportável, recordemos as palavras de Jesus: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”.
Espíritos benfeitores velam por nós, inspirando-nos a coragem e a perseverança. Desistir da vida é renegar a oportunidade que Deus nos concede para reparar, aprender e servir. Por isso, é fundamental lembrar que nenhuma dor é definitiva e que, após a noite, sempre desponta a manhã luminosa da esperança.
A fé em Deus, a certeza da imortalidade e a confiança no futuro nos sustentam para seguir adiante, porque, não importa a noite, sempre haverá um novo dia. Valorizar a vida é acreditar que somos filhos de Deus, destinados à luz, e que cada amanhecer é uma nova oportunidade de recomeço. Assim, valorizemos cada instante, mesmo os mais difíceis, lembrando que somos viajores da eternidade, destinados à luz. Se hoje a estrada é árida, amanhã florescerá em jardins. A vida é eterna e dias melhores sempre virão.
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