Blog do Mistério
Um negócio obscuro
O post de hoje é sobre um barbeiro. Pode ser que você seja remetido àquele filme famoso com Johnny Depp — o barbeiro demoníaco —, mas não se trata dele. Talvez de um parente distante. O fato é que a obra de sucesso O Barbeiro Demoníaco foi inspirada em fatos que supostamente ocorreram na Inglaterra. Já a nossa história de hoje se passa na França. Deve ser essa combinação de navalhas e pescoços que sempre sugere alguma coisa sinistra.
No inverno de 1387, a Rue des Marmousets (hoje Rue Chanoinesse) era um pequeno refúgio à sombra da Notre-Dame, frequentado por estudantes estrangeiros protegidos por privilégios ligados à catedral. Uns diziam que havia ali ruas encantadas; poucos suspeitavam do horror oculto por trás das fachadas medievais.
O barbeiro, figura respeitada, oferecia um corte impecável. Ao lado, um confeiteiro era famoso por suas tortas divinamente saborosas — dizia-se até que o rei Carlos VI era um fã secreto daquele quitute. Infelizmente, é exatamente isso que você está pensando. Na época, ninguém sabia, mas essa combinação de comércios escondia uma engrenagem mortífera.
O local era movimentado, o preferido dos estudantes. O barbeiro era cortês nos primeiros atendimentos, mas, eventualmente, ao soar do sino da catedral, lançava uma navalha precisa e sanguinolenta no pescoço de seus clientes, rompendo o silêncio e o asseio da barbearia. Depois do espetáculo — apreciado apenas por seu protagonista —, o corpo era deslizado por um alçapão até o prédio vizinho, onde o pasteleiro o transformava em recheio para as tortas mais vendidas de Paris.
As vítimas eram frequentemente estudantes pobres. Muitos simplesmente desapareciam sem deixar vestígios. E embora todos soubessem dos desaparecimentos, com as altas taxas de criminalidade da época, desconfiava-se de tudo — menos do que realmente acontecia: eles eram devorados, camuflados na doçura da carne sob a crosta dourada.
Foi um cachorro, leal companheiro de um dos estudantes, que revelou o segredo. Certa noite, após latir desesperadamente em frente à barbearia, chamou a atenção. Um guarda da polícia investigou e, horrorizado, descobriu cadáveres no subterrâneo. O barbeiro acabou confessando tudo e foi executado junto de seu sócio. O prédio foi rapidamente lacrado e suas fachadas destruídas — o que leva muitos a duvidarem da veracidade dos fatos.
Quando o esquema veio à tona, muitos dos que eram clientes da tortinha famosa acabaram morrendo — não pela carne em si, mas pelo asco do que haviam consumido e pela tristeza ao conhecerem o trágico fim daqueles jovens inocentes.
Morango do amor? Só na internet. A vida nem sempre é tão doce.
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A fada lavadeira
Esta história vem de longe, muito longe, seu terror atravessa o oceano.