Blog dos Espíritos

As três revelações

25/07/2022 08:40 - por Eleni Maria Machado

O Cristo foi o iniciador da moral mais pura e mais sublime: a moral evangélico-cristã que deve renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que deve fazer jorrar, de todos os corações humanos, a caridade e o amor ao próximo, e criar entre todos os homens uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que deve transformar a Terra e dela fazer uma morada para os Espíritos superiores àqueles que a habitam hoje. É a lei do progresso, à qual a natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca da qual Deus se serve para fazer avançar a humanidade.

Moisés


São duas partes, distintas uma da outra, na lei mosaica: a lei de Deus, promulgada sobre o Monte Sinai, e a lei civil, estabelecida por Moisés e apropriada aos costumes e ao caráter do povo daquela época. A lei de Deus é invariável e a de Moisés se modifica com o tempo e o progresso dos homens.
A lei de Deus é de todos os tempos e de todos os países e tem, por isso mesmo, um caráter divino. Todas as outras leis são estabelecidas por Moisés, obrigado a manter, pelo temor, um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha que combater os abusos enraizados e os preconceitos adquiridos no tempo de escravidão no Egito.

Cristo


Jesus não veio destruir a lei de Deus, mas desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido junto a homens mais adiantados, menos brutos e mais moralizados que à época de Moisés, adaptando-a a esse grau de adiantamento. Por isso, encontra-se nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que constituem a base de sua doutrina. Quanto às leis de Moisés, propriamente ditas, ele as modificou profundamente; combateu o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações e a reformou totalmente quando disse: “Amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”. Está aí toda a lei e os profetas.

Mas Jesus não veio simplesmente fazer o papel de um legislador moralista. Veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está sobre a Terra, mas no reino dos céus; ensinar-lhes o caminho que a ele conduz, os meios de se reconciliar com Deus e preveni-los do futuro que os aguarda e o cumprimento dos destinos humanos. Mas não disse tudo por que ainda não seria compreendido. Falou por parábolas, deixando o germe da verdade. Falou de tudo, em termos mais ou menos explícitos; para a compreensão do sentido oculto de certas palavras, seria preciso que novas ideias e novos conhecimentos viessem dar-lhes a chave, e essas ideias não poderiam vir antes de um certo grau de maturidade do espírito humano. A ciência deveria contribuir poderosamente para a eclosão e o desenvolvimento das ideias; seria preciso, pois, dar à ciência o tempo de progredir.

O Espiritismo


O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal; ele nos mostra, não mais como sobrenatural, mas, ao contrário, como uma das forças vivas e incessantemente ativas na natureza. Nos esclarece o que, até então, estava no domínio do “fantástico” ou do “maravilhoso”. É a essas relações que o Cristo faz alusão, em muitas circunstâncias, e é por isso que muitas coisas que ele disse permaneceram ininteligíveis ou foram falsamente interpretadas. O Espiritismo é a chave com a ajuda da qual tudo se explica com facilidade.

A lei do Antigo Testamento está personificada em Moisés; a do NovoTestamento está personificada no Cristo; o Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não está personificada em nenhum indivíduo, porque ele é o produto de ensinamento dado, não por um homem, mas pelos Espíritos, que são as vozes do céu, sobre todos os pontos da Terra, e por uma multidão inumerável de intermediários: é, de alguma sorte, um ser coletivo compreendendo o conjunto dos seres do mundo espiritual, vindo cada um trazer aos homens o tributo das suas luzes para fazê-los conhecer esse mundo e a sorte que nele os espera.

Aliança da ciência e da religião


São chegados os tempos em que o véu da ignorância começa a ser levantado; em que a ciência, deixando de ser materialista, deve reconhecer o elemento espiritual, e em que a religião, deixando de menosprezar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, se apoiarão, uma sobre a outra e, andando juntas, se prestarão um mútuo auxílio. Então a religião, não recebendo mais o desmentido da ciência, adquirirá força inabalável, porque estará de acordo com a razão e não se lhe poderá opor a irresistível lógica dos fatos.

O motivo pelo qual a ciência e a religião não puderam, até hoje, se entender foi por causa de que cada uma examinava as coisas sob o seu exclusivo ponto de vista, faltando um traço de união que as fizesse preencher esse vazio; esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e de suas relações com o mundo corporal, leis imutáveis como as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Constatadas essas relações, pela experiência, uma luz se fez: a fé se dirigiu à razão e a razão não encontrou nada de ilógico na fé, e o materialismo foi vencido.

A Era Nova


Estamos na Era Nova, em que as ideias morais devem se desenvolver para cumprir os progressos que estão nos desígnios de Deus. Mas não precisamos crer que o desenvolvimento dessas ideias deva se dar sem lutas pois, para atingir a maturidade, devem ser discutidas, debatidas e abalar velhos conceitos e atrair a atenção das massas.

Fixada essa atenção, a beleza e a santidade da moral impressionarão os espíritos, e eles se interessarão por uma ciência que lhes dá a chave da vida futura e lhes abre as portas da felicidade eterna. Foi Moisés quem abriu o caminho; Jesus continuou a obra e o Espiritismo a arrematará.

(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. I – Eu não vim destruir a lei)

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