Blog dos Espíritos

O céu

01/08/2022 08:50 - por Eleni Maria Machado

A palavra céu se diz, em geral, do espaço indefinido que circunda a Terra, e mais particularmente da parte que está acima do nosso horizonte. Antigos acreditavam em vários céus superpostos, compostos de matéria sólida e transparente, formando esferas concêntricas das quais a Terra era o centro. Essas esferas, girando ao redor da Terra arrastavam consigo os astros que se encontrassem em seu circuito.

Essa ideia, que se prendia à insuficiência de conhecimentos astronômicos, foi a de todas as teogonias que fizeram dos céus, assim escalonados, os diversos graus de beatitude; o último era a morada da suprema felicidade. Variando as opiniões, esses céus podiam ser em número de três, sete, nove. 

Baseadas na crença de que a Terra é o centro do universo e que os astros estão em região limitada, as diversas doutrinas colocaram a morada bem-aventurada além desses limites. Ali estaria o Todo-Poderoso, o criador de tudo e que a tudo governa, fora do centro onde pudesse irradiar à todos o seu pensamento.

A ciência esclarece


Mas a ciência vem, com a inexorável lógica dos fatos e da observação, dizer que a Terra não é o eixo do universo, mas um dos menores astros situado na imensidade. Nos esclarece sobre o sol, as estrelas e os inumeráveis mundos, num conjunto regido por leis eternas e imutáveis, revelando a sabedoria e o poder do Criador.
 
Sabemos que Deus não cria nada inútil, portanto, há vida por toda a parte, e que a humanidade é infinita como o universo.

Sob o império desses novos conhecimentos, as crenças deverão se modificar. As ideias do homem estão em razão do que ele sabe. O céu foi deslocado; as limitações que faziam parte de conhecimentos anteriores já não mais existem, já não servem mais. Onde esta o céu?

Onde está o céu?


O Espiritismo nos faculta o entendimento em demonstrando a verdadeira destinação do homem. A natureza do homem, composto de corpo e Espírito, e os atributos de Deus sendo tomados como ponto de partida, chega-se à conclusão. O Espírito é o ser principal, o ser da razão, o ser inteligente; o corpo é o envoltório material que reveste, temporariamente, o Espírito para o cumprimento de sua missão na Terra e a execução do trabalho necessário ao seu adiantamento. O corpo, usado, se destrói, e o Espírito sobrevive à sua destruição. O Espírito deixando o corpo reentra no mundo espiritual de onde saiu para se encarnar. Retorna ao seu mundo original.

Há dois mundos: o corporal, composto pelos Espíritos encarnados, e o espiritual, composto pelos Espíritos desencarnados. Os Espíritos que se encontram encarnados estão ligados ao globo onde foram chamados a viver, a Terra ou outro qualquer; os Espíritos que se encontram no mundo espiritual estão ao nosso redor e no espaço, por toda a parte, sem limitações.

Todos os Espíritos foram criados “simples e ignorantes”, portanto, sem conhecimento, mas com aptidão a tudo adquirir e progredir, em virtude do livre-arbítrio. Pela aquisição de conhecimento, de moralidade, de novas faculdades desenvolvidas, novas percepções, alcançando novos gozos ainda desconhecidos de Espíritos inferiores; ouvem, sentem, compreendem mais e melhor. A felicidade dos Espíritos está em relação do progresso alcançado e inerente às qualidades que possuem; e eles a encontram na superfície da Terra, no meio dos encarnados ou no espaço. Não há um lugar circunscrito para ser feliz porque, como foi dito, a felicidade deve ser conquistada por cada um e, portanto, gozada onde quer que se encontre esse Espírito. Tomemos dois Espíritos, um pode não ser tão feliz quanto o outro, unicamente porque não é tão avançado intelectualmente e moralmente, sem que tenham necessidade de estarem, cada um, em lugar distinto. Embora estando um ao lado do outro, um pode estar nas trevas, enquanto para o outro tudo pode ser resplandecente.

O progresso entre os Espíritos é o fruto do seu próprio trabalho; mas, como são livres, trabalham para seu adiantamento com mais ou menos empenho ou negligência, apressando ou retardando o seu progresso. São, pois, os próprios Espíritos os artífices de sua situação, feliz ou infeliz, segundo as palavras do Cristo: “A cada um segundo as suas obras!”.

Nesse processo evolutivo, os Espíritos vão alcançando a felicidade relativa ao seu adiantamento, pois que a felicidade suprema é quinhão dos Espíritos perfeitos, Espíritos puros. Eles alcançam essa felicidade depois de terem progredido em inteligência e em moralidade e é através das reencarnações que se alcança esse duplo progresso, o intelectual e o moral.

Processo evolutivo


Uma só existência corporal é manifestamente insuficiente para que o Espírito possa adquirir tudo o que lhe falta em bem e se desfazer de tudo o que há de mal em si.

Em cada nova existência, o Espírito leva o que adquiriu, nas precedentes, em aptidões, em conhecimentos intuitivos, em inteligência e moralidade. Cada existência é, assim, um passo adiante no caminho do progresso.

A encarnação é inerente à inferioridade dos Espíritos. Não é mais necessária àqueles que progrediram, tanto no estado espiritual quanto nas existências corporais dos mundos superiores que não têm mais nada da materialidade terrestre.

(O Céu e o Inferno, Primeira parte, cap. II, O Céu – Allan Kardec)

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