No interior do Brasil, entre nossas densas florestas, repousa uma lenda que desperta tanto fascínio quanto temor nas mentes dos moradores. Uma história sussurrada à luz da lua, ao redor das fogueiras. É a lenda da enigmática Matinta Perera. Dizem que ela é uma criatura das sombras, uma figura que se move entre as árvores como um fantasma, um espírito ancestral que percorre as trilhas da escuridão.

A Matinta Perera é conhecida por sua capacidade de transformação, assumindo a forma de um pássaro noturno, com penas escuras e olhos cintilantes como estrelas. Ela ronda os rios e pântanos, profetizando com seu canto melancólico. Aqueles que ousam cruzar seu caminho à noite, ouvem seus lamentos e risadas sinistras, arrepiando até os ossos mais corajosos.

Contudo, é na escuridão das moradias humildes que a Matinta Perera realmente faz sua marca. Ela pousa sobre o telhado de uma casa e quando pia é um anúncio de que alguém naquele lar perderá a vida. Como se o bicho tivesse uma conexão direta com o ceifador de vidas. Mas há um jeito de impedir seu agouro. Quando ouvir o assobio, perto da meia noite, o morador deve lhe prometer um pacote de fumo.

Dizem que, no dia seguinte, uma senhora de idade avançada, com dificuldades de andar, aparece até o lar. O fumo deve estar do lado de fora da casa. Ela recolhe, sem dizer palavra alguma e nunca mais é vista por ali. E ninguém se arrisca a contrariar.
A lenda da Matinta Perera é famosa na região norte do Brasil, uma mistura enigmática de medo e respeito.

Ela se tornou um símbolo do desconhecido, um lembrete constante de que as sombras podem conter segredos profundos e que, em meio à escuridão, podemos encontrar tanto a ameaça quanto a sabedoria. Mesmo nos tempos modernos, quando a razão e a ciência buscam dissipar lendas, a Matinta Perera é uma testemunha silenciosa do poder das histórias na cultura e a identidade de um povo.

22 de agosto – Dia do Folclore Nacional