Blog do Mistério

O Monge do Botucaraí

19/06/2025 08:57 - por Gisele Wommer giwommer@gmail.com

Suposto retrato do monge José Maria

Diz-se que há muito tempo, quando as trilhas do Cerro do Botucaraí ainda não eram cortadas por aventureiros, um monge solitário subiu até o ponto mais alto da serra. Era italiano, se chamava João Maria, ninguém sabia ao certo como chegara até lá, mas segundo o próprio, vinha em missão religiosa, propagar a fé. Trazia consigo apenas um livro sagrado, um rosário de contas escuras e um cajado.

Construiu, com as próprias mãos, um pequeno eremitério de pedras, onde passou a viver em silêncio, isolado do mundo. Havia rumores de que sua missão era expiar uma culpa antiga, talvez um crime cometido nos corredores de um mosteiro distante. Mas havia quem acreditasse que ele era um guardião, um santo, que sabia medicina natural e curava os enfermos. 

O italiano acabou causando problemas. Arrebanhar multidões deixava os governantes preocupados na época, além de que, tinham alguma desconfiança das intenções reais do eremita. O Barão de Caçapava foi o primeiro a mandar prendê-lo, motivo pelo qual isolou-se no morro.

Algum tempo depois houve um desentendimento, cujo não há registros históricos, mas acabou virando parte da cultura oral desta região do estado. O monge teria feito uma pregação sobre a falta de fé nos costumes do povo de Rio Pardo, o que não agradou nada o Barão de Triunfo (José Joaquim de Andrade Neves). Dizem que o Barão agrediu o monge a bengaladas (outra versão diz que foram chibatadas), o monge retornou ao morro, mas antes amaldiçoou a cidade de Rio Pardo, avisando que não haveria progresso enquanto houvesse descendentes da família do barão.

Lenda ou não, com o declínio visível da cidade, outrora a mais a importante do estado, a história foi levada a sério: há alguns anos houve grande comoção no município para reverter a maldição, virou até notícia.

O monge seguiu sua peregrinação algum tempo depois. Passou por países da América do Sul, América Central, até acabar assassinado por indígenas americanos em 1869. As marcas que deixou aqui serão eternas, pois até hoje é lembrado na região do morro como símbolo de fé, tornando o local, de beleza ímpar, místico e misterioso.

 

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