Blog do Mistério
O balanço vazio: lenda urbana mexicana
Na escuridão das colinas da cidade Mexicana de Tecozautla, existe uma lenda urbana cabulosa, que não se apaga com o tempo, pelo contrário, ela parece ganhar força a cada repetição sussurrada entre os moradores mais antigos. Fala-se de uma estrada, uma via tortuosa que liga a cidade à rodovia principal, onde o vento geme melodias inumadas. Ninguém atravessa aquele caminho depois do crepúsculo sem carregar consigo algum símbolo de proteção. Mesmo assim, nem todos voltam iguais.
Dizem que a estrada é viva. Ela respira, sente e observa. Por isso, quando dois jovens decidiram atravessá-la numa noite sem lua, não foi apenas a coragem que os acompanhava — mas também uma espécie de inquietação que parece alertar quem ousa invadir o terreno das almas penadas. Foi ali, naquela passagem amaldiçoada, que se depararam com algo que muitos consideram apenas superstição: um velho balanço pendurado entre duas colinas, oscilando mesmo sem vento.
No assento, uma figura insólita: um homem extremamente magro e pálido, como se a cor tivesse fugido de seu corpo. A cada movimento do balanço, um grito dilacerante rasgava o ar, o que era estranho, pois o rosto era ornamentado por um sorriso congelado, um sorriso que parecia mais uma cicatriz da insanidade. Os jovens, paralisados pelo terror, não conseguiam dar um passo sequer. Era como se o tempo ao redor tivesse sido suspenso para que fossem forçados a assistir o que vinha a seguir.
Das sombras atrás do homem, emergiu uma figura ainda mais assustadora — um vulto negro, sem forma definida, que se aproximou sorrateiro e envolveu o homem num abraço final. O que ocorreu então foi descrito por um dos jovens, antes de enlouquecer por completo: ambos foram consumidos por chamas azuis e silenciosas, como se o inferno tivesse encontrado uma forma discreta e cerimonial de recolher uma alma vendida. Quando a polícia foi chamada pela manhã, nada restava além de um monte de cinzas sob o balanço.
A explicação mais aceita entre os habitantes de Tecozautla é que o homem do balanço havia selado um pacto com o Diabo décadas atrás. Mas o preço nunca é pago imediatamente. O Demônio, dizem, é paciente, e aguardava o momento em que houvesse testemunhas para selar o último ato da barganha. Não era apenas a alma que ele queria, mas também demonstrar sua força através do castigo, para espalhar o medo, para alimentar a estrada.
Hoje, muitos evitam até mesmo falar sobre a estrada. Mencionar o balanço é um convite automático para se fazer o sinal da cruz. Muitos que ousaram se aventurar não concluíram a travessia, o medo ou a força da lenda os fez regressarem, assustados. Alguns dizem que a estrada apenas os engole. Outros afirmam que, se você ouvir o som de cordas rangendo ao vento, ainda há tempo para fugir. Mas se ouvir um grito... já é tarde demais. Você foi escolhido para ver. E ninguém vê impunemente.
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O título deste post vai remeter a um romance de Agatha Christie, mas infelizmente é pura realidade.