Blog dos Espíritos

Provas e expiações

22/04/2024 08:43 - por Rosane Sacilotto

Reparações necessárias
A Doutrina Espírita nos ensina que não há condenações e penas eternas, mas sim as Leis Divinas ou Naturais, que se encontram gravadas na consciência de cada um de nós, no nosso íntimo. Sempre que nos desviamos destas leis, adquirimos dívidas e protelamos mais e mais o nosso progresso rumo à perfeição. Sendo a Terra ainda um mundo de provas e expiações, natural que sejamos imperfeitos e que nossas más tendências ainda prevaleçam, juntamente com o orgulho, o egoísmo e o materialismo, grandes chagas da humanidade.

Ao longo das diferentes reencarnações, vamos nos deparando com necessárias provas e expiações, como meios de reparação das faltas do passado, cujo enfrentamento e superação nos permitem alçar o caminho do progresso intelectual e moral, sempre rumo a condições mais meritórias de existência.

Em termos doutrinários, expiação não é somente o ressarcimento de faltas cometidas nesta ou em vidas anteriores. O sofrimento das vicissitudes corporais a que se está sujeito, enquanto na carne, também o é. Para alcançar a perfeição, todos os Espíritos, criados simples e ignorantes, se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal, como nos ensina “O Livro dos Espíritos”.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, entendemos melhor a definição doutrinária e a diferença entre as provas e as expiações, quando os Espíritos Superiores nos instruem que a expiação apaga a falta e purifica o Espírito. Pode ser imposta aos Espíritos endurecidos ou extremamente ignorantes. As provas, como as expiações, são sempre sinais de relativa inferioridade. Somente o perfeito não precisa ser provado.

Quando bem suportadas, constituem fator de adiantamento. A expiação serve sempre de prova ao Espírito, mas nem sempre a prova é uma expiação. Espíritos de certa elevação, por desejarem ascender de forma acelerada, podem solicitar uma missão, uma tarefa a executar, e que lhes exija muita luta e sofrimento. Dessa forma, vemos que o cumprimento de determinada missão pode levar o Espírito a provas rudes, que contribuirão para elevá-lo. Expiação é imposição, pela condição de inferioridade do Espírito. Provas podem ser buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso.

Livre-arbítrio e escolhas
“O Livro dos Espíritos” nos diz, em sua questão número 258, que no intervalo entre uma e outra encarnação, o Espírito escolhe o gênero de provas por que há de passar na vida terrena, utilizando o seu livre-arbítrio. Todos temos liberdade de escolha, em que as provações da vida nascem de nossas opções, dentro das necessidades evolutivas de cada um. Há muitos desafios na experiência terrena, entre estes são previstos apenas os fatos principais no percurso de cada um.

As nossas escolhas não são um roteiro de filme, em que cada minuto é minuciosamente planejado antes de reencarnarmos, mas sim os principais acontecimentos.Muitas das coisas pelas quais passamos têm origem nas próprias escolhas que fazemos já reencarnados. Por exemplo, se escolhermos não cuidar de nossa saúde e não nos alimentarmos de forma equilibrada, com certeza as doenças apareceram, mas não quer dizer que todas elas já estavam planejadas, muitas serão consequência da nossa invigilância nesta existência.

Oportunidade de reparação e evolução
O que caracteriza as provas de cada existência é a oportunidade de escolha, sua possível repetição e a condição proveitosa em se transpor os sofrimentos terrenos. Superar uma prova é um motivo de grande alegria para o Espírito, apesar da incompreensão quando inserido na vida material, enfrentando as lutas e dores necessárias.

O enfrentamento das provas e das expiações é mais meritório para o Espírito conforme sua resignação, de maneira a torná-las mais proveitosas para sua evolução. Nada acontece por acaso, a dor nos vem exatamente no local onde mais carecemos do remédio, somos atingidos pelo sofrimento exatamente naquilo em que necessitamos de reparo e correção. Quanto mais aceitarmos resignadamente as dificuldades pelas quais devemos passar, maior e mais exitoso será o merecimento e a recompensa de ordem evolutiva.

Segundo Joanna de Ângelis: “Provas e expiações de qualquer monta são necessidades elaboradas por nós próprios, a fim de repararmos as faltas cometidas, encontrando na dor que se deve superar os recursos valiosos para a libertação dos gravames inditosos e a paz da consciência. Não são, portanto, desgraças reais os chamados infortúnios, conforme conceituam as convenções do utilitarismo e do imediatismo.

O verdadeiro infortúnio pode ser encontrado na ausência da fé em Deus com o impositivo de prosseguir-se caminhando entre dores e desesperações sem os arrimos abençoados da crença e da esperança. Infortunados estão aqueles que traíram a consciência e se enganaram, a si mesmos, não se dando conta do delito apesar do apelo da razão que desperta e deseja fixar-se vitoriosa sobre o instinto. [...] Assim, a dor e o agravo, a angústia e o desespero são vigorosas terapêuticas da vida para que o enfermo espiritual inveterado se preocupe com a cura real e se volte em definitivo para os elevados objetivos da Vida Maior, em cujo rumo se encontra desde agora, lá chegando quando a desencarnação o despir da transitória indumentária em que marcha tentando a felicidade que só mais tarde alcançará depois de resgatados os compromissos atrasados”.

Desta forma, devemos refletir sobre os processos dolorosos que nos surgem ao longo da vida, confrontando nossas fraquezas morais, conscientes de que seu enfrentamento se afina a nossas necessidades evolutivas e nossas possibilidades de crescimento para merecermos acesso a mundos mais felizes. Os maiores recursos que dispomos para enfrentarmos as provas e expiações são a resignação, o autoconhecimento, a reforma íntima e a fé na justiça divina.

KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Livro dos Espíritos”.
FRANCO, Divaldo P. - Joanna de Ângelis. “Após a tempestade”.

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