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Truque de Mestre – O 3º Ato: nada é o que parece

13/11/2025 09:26 - por Jorge Ghiorzi jghiorzi@gmail.com

Existem filmes que são pura diversão e apenas isso. Porém, há outros que, mesmo cumprindo esse objetivo, atingem um degrau a mais na escala e se apresentam como um genuíno e saboroso Entretenimento, com “E” maiúsculo. Foi essa condição que o primeiro “Truque de Mestre” conquistou em 2013, e é sob essa perspectiva que analisamos seu mais recente capítulo, “Truque de Mestre: O 3º Ato” (Now You See Me: Now You Don't, 2025).

A franquia sempre se destacou por sua engenhosa mistura de gêneros, fundindo ação, crime e suspense em um produto híbrido que cativa como um bom truque de magia, que seduz, surpreende e diverte, sem jamais ofender a inteligência do espectador. O prazer central desses filmes reside justamente na impossibilidade de prever para onde eles estão indo. E, embora o ditado diga que um bom mágico nunca revela seus segredos, a série “Truque de Mestre” sempre o faz, e de uma forma que, longe de diminuir a fascinação, só a torna mais intrigante.

“Truque de Mestre 3” nos engana habilmente por um tempo, nos fazendo crer que se trata de uma mera aventura de assalto. A já conhecida equipe de ilusionistas se une a uma nova geração de mágicos para realizar o golpe definitivo: roubar o maior diamante do mundo, um bloco de gelo do tamanho de um punho. A pedra está sob a custódia de Veronika van der Berg (a carismática e astuta Rosamund Pike), uma magnata sul-africana gananciosa cujo império familiar foi construído sobre os alicerces dessa joia colossal.

Este novo título da série tende a se inclinar mais que seus antecessores para atender aos interesses estéticos e sensoriais da chamada Geração Z. Com um ritmo mais acelerado e uma estética visualmente fragmentada que dialoga com a era das redes sociais, pode parecer, à primeira vista, excessivamente preocupado em ser "descolado". Contudo, esse não é um problema em si. O objetivo é mais prosaico e, de certa forma, necessário. Apenas quer soar atual e relevante para os tempos urgentes de percepção fragmentada.

O resultado é um terceiro filme bastante competente, que tenta abertamente expandir o universo e renovar o elenco de mágicos. Apesar de algumas oscilações ocasionais no tom e no formato, que podem destoar um pouco da pegada mais "clássica" do primeiro filme, “Truque de Mestre 3” funciona como uma ponte entre o passado e o futuro de uma franquia que pretende se estabelecer a longo prazo. Os fãs antigos ainda encontrarão a essência que os encantou. Lá estão os planos engenhosos, a camaradagem do grupo e a sensação de que estão sendo conduzidos por uma narrativa inteligente. Já os novos espectadores terão motivos de sobra para se identificar aos novos personagens e acompanhar os capítulos que certamente virão.

Em última análise, “Truque de Mestre: O 3º Ato” é um testemunho da evolução de uma franquia que se recusa a ficar estagnada, que entende que a magia, assim como o cinema, precisa se reinventar para continuar encantando. E, como bem nos lembra o filme e a própria série, nada é o que parece. Afinal, trata-se de um número de mágica. E assistir esta ilusão ainda é um belo espetáculo.

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