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Wicked – Parte 2: a magia está de volta

27/11/2025 10:28 - por Jorge Ghiorzi jghiorzi@gmail.com

A adaptação cinematográfica do musical de sucesso da Broadway de 2003, dividida em duas partes, chega à sua conclusão com “Wicked: Parte 2” (Wicked: For Good), novamente sob a direção de Jon M. Chu. Se o primeiro filme, lançado no ano passado, pertencia quase inteiramente à marginalizada Elphaba de pele verde (Cynthia Erivo), esta sequência coloca em primeiro plano a sua antiga rival e agora amiga, Glinda (Ariana Grande).

Assim, se completa uma jornada de quase cinco horas de duração (somadas as duas partes) que equilibra espetáculo visual, diversidade, empoderamento, drama político e, acima de tudo, a complexa amizade entre as duas bruxas.

O filme recomeça meses após a despedida dolorosa na Cidade Esmeralda, no final do primeiro capítulo. Elphaba, agora plenamente na condição de Bruxa Má do Oeste, vive escondida numa floresta sombria, caçada pelos soldados do Mágico (Jeff Goldblum, deliciosamente cínico e entediado). A propaganda incansável de Madame Morrible (Michelle Yeoh) a transforma no grande inimigo público de Oz, enquanto ela arrisca tudo para destronar o tirano e libertar os Animais escravizados, vítimas de uma ditadura que só se mantém unindo o povo contra um bode expiatório.

Enquanto isso, Glinda vive em um suntuoso apartamento Art Déco todo em tons de rosa-choque, encarnando a imagem perfeita de bondade e luz. Até sua icônica bolha flutuante, que o povo acredita ser pura magia, é movida por engrenagens escondidas. Uma prova de que, em Oz, a fachada vale mais do que a essência. No centro das duas vidas opostas está o príncipe Fiyero (Jonathan Bailey), oficialmente noivo de Glinda, mas ainda secretamente apaixonado por Elphaba.

Surgem assim dois triângulos amorosos interligados e incendiários (Glinda, Elphaba e o Mágico; Glinda, Elphaba e Fiyero), que alimentam as emoções mais explosivas do filme e dão ainda mais brilho aos números musicais praticamente ininterruptos.

“Wicked: Parte 2” é ainda mais musical que o primeiro. Os números são quase ininterruptos, com coreografias grandiosas e vozes em estado de graça. O drama de vida ou morte ganha intensidade, mas o verdadeiro coração do filme é a amizade entre as duas mulheres, separadas no final do primeiro capítulo quando Elphaba voou em sua vassoura. Desta vez, nesta conclusão da história, essa relação é explorada até as últimas consequências, de maneira comovente e sem concessões demasiadas.

O fenômeno do primeiro filme, com seus mais de 750 milhões de dólares em bilheteria, produtos licenciados e a amizade pública entre Grande e Erivo, não foi apenas marketing. Verdadeiramente tocou o público. A Parte 2 mantém o mesmo encantamento onírico e colorido, com um desfecho apropriado ao que a história pedia. Jon M. Chu conduz o espetáculo com segurança, equilibrando excessos típicos de musicais com momentos de emoção genuína. Pode cansar quem não curte o gênero, mas, para quem embarcou na jornada, é impossível não sair do cinema com um sentimento de satisfação e talvez até com um sorriso.

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