Há dois anos e meio este blog tem trazido semanalmente aos leitores histórias sobre os mais variados mistérios da humanidade. Falamos sobre fantasmas, lendas e maldições. Por vezes assustamos aqueles que nos acompanham, por vezes aguçamos sua curiosidade. Nos tempos tristes e devastadores nos quais nosso Rio Grande do Sul foi submerso, hoje precisamos falar de esperança, do nosso jeito, sobrenatural de pensar. 

Uma das lendas mais famosas do Sul conta que Nossa Senhora, com sua benevolência divina, salvou um garoto escravizado depois de um castigo cruel, que teria lhe custado a vida. Nesta terra onde o folclore se entrelaça com a fé, o causo ficou conhecido como Negrinho Pastoreiro, a palavra pastorear significa dirigir, vigiar, guiar. Assim, o Rio Grande do Sul, ganhou seu próprio guardião.

E reza sua lenda que, cada vez que se perde algo, ao acender uma vela para o Negrinho ele ajuda a encontrar. É o folclore do sul, que remonta às nossas origens, às nossas crenças, à nossa cultura, enfim, à essência do gaúcho, que jamais será perdida. 
Esta história nos é ensinada desde a infância, para que nos deixe muitas lições na vida. E aprendemos que acender uma vela para o Negrinho é mais que um gesto; é uma invocação por auxílio, um elo com o sagrado.

Infelizmente, nunca perdemos tanto como agora. Quem sabe o nosso Negrinho, conhecedor de todos os pampas, possa nos guiar por um novo caminho. Quem sabe posa ser a luz no meio da escuridão, a esperança na adversidade. Em cada vela acesa, depositamos nossos anseios por encontrar o rumo perdido, por resgatar nossos sonhos adiados e por nos guiar por uma trilha de venturas.

Que encontre também um bálsamo para os corações dilacerados pela dor da perda, levando em suas preces aqueles que partiram prematuramente. Que sua luz suave ilumine os que sofrem, guiando-os para além da dor, oferecendo consolo e alento em tempos de desespero. O Negrinho do Pastoreio, guardião dos desamparados, abençoado seja seu auxílio generoso.

Que cada vela acesa e cada pensamento positivo represente a nossa gratidão e a nossa crença na força redentora do amor e da esperança. Que o Negrinho do Pastoreio, em sua humilde grandeza, seja a força e a resiliência do povo gaúcho.