O Espiritismo precisa ser visto no seu tríplice aspecto: ciência, filosofia e religião. Falsa ideia formaria do Espiritismo quem julgasse que sua força está nas manifestações materiais, no fenômeno. Sua força está na filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso. Fala uma linguagem clara, sem ambiguidades. Nada há nele de místico, nada de alegorias suscetíveis de falsas interpretações. Quer ser compreendido por todos porque são chegados os tempos de fazer-se que os homens conheçam a verdade. Longe de se opor à difusão da luz, deseja-a para todo o mundo. Quer que o homem creia, não por uma crença cega, mas pelo uso da razão.

O Espiritismo não é obra de um homem. Ninguém se pode dizer seu criador, pois é tão antigo quanto à criação. Podemos encontrá-lo por toda a parte e em todas as religiões. É forte porque assenta sobre as próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras; sobretudo, porque mostra que essas penas e recompensas são consequências naturais da vida terrestre e, ainda, porque, no quadro que apresenta do futuro, nada há que a razão mais exigente possa recusar.

O conhecimento

Apresenta-nos Deus como “a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”, nos dando, igualmente, provas de sua existência.

Ele nos fornece material, explicações, que nos faz compreender o princípio das coisas, o espaço universal, a formação dos mundos e a pluralidade destes, a formação dos seres vivos, seres orgânicos e inorgânicos, a diversidade das raças humanas, a vida e a morte, Espírito e matéria, sua origem e natureza. 

O que é o Espírito? “O princípio inteligente do universo”.

Há, portanto, dois elementos gerais no universo: a matéria e o Espírito? Sim, e acima de tudo Deus, o criador, pai de todas as coisas. Deus, Espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal.

O progresso

“Meu reino não é deste mundo”, disse Jesus, nos informando, ainda, que pertencemos ao mundo dos Espíritos, nosso mundo original e primitivo; de lá viemos ao mundo da matéria e para lá voltaremos após essa “estadia” aqui no mundo terreno. E, para que isso se dê, necessário se faz a reencarnação e a pluralidade das existências, objetivando a progressão dos Espíritos que vão se elevando na Escala Espírita.

Desde o início de sua formação, goza o Espírito da plenitude de suas faculdades? Não, pois para que o Espírito, como para o homem, também há infância. Em sua origem, a vida do Espírito é apenas instintiva. Ele mal tem consciência de si mesmo e de seus atos. A inteligência só pouco a pouco se desenvolve.

E é através das reencarnações que o Espírito adquire a inteligência e desenvolve o senso moral, transitando pela escala espírita sem nunca retrogradar. Pode estacionar a sua evolução, mas jamais regride.

Depurando-se, a alma indubitavelmente experimenta uma transformação, mas para isso é necessária a prova da vida corporal. E, à medida que vai se depurando compreende mais e melhor, podendo fazer melhores escolhas, se aproximando cada vez mais dos mundos superiores e, por resultado, tem menos sofrimento e mais momentos felizes, até alcançar a plenitude, os mundos celestes.

O Cristo

Deus era “alguém” que metia medo, uma “figura” distante, inatingível. Jesus veio encarnar entre nós para nos mostrar um outro Deus, o Pai misericordioso, justo e bom, e com todos Seus atributos ao infinito. Também nos fez entender a nossa missão de nos tornarmos seres melhores a cada passo; que fomos criados simples e ignorantes, mas carregando em nós tudo de que precisamos, em latência, e para desenvolver estas potencialidades precisamos trabalhar, desenvolvê-las e nos tornarmos melhores a cada encarnação. Teremos tantas oportunidades reencarnatórias quantas forem necessárias, mas depende de nós mesmos abreviar esse tempo em aproveitando-o mais e melhor. A reencarnação é a misericórdia de Deus em nosso amparo, oportunizando a que alcancemos a vitória por nosso próprio esforço.

Em nos esclarecendo que somos passageiros aqui no mundo terreno, o Cristo nos ensina a necessidade de amar, de perdoar, de exercer a caridade para com todos.

“O amor cobre a multidão de pecados”, significando dizer que para nos redimir da multidão de pecados praticados, o único caminho é o amor.

Perdoar sempre porque, também nós, necessitamos de perdão: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, nos diz a oração “Pai Nosso”.

E, “fora da caridade não há salvação”.

Desenvolvimento das ideias

Por meio do Espiritismo, a humanidade tem que entrar numa nova fase, a do progresso moral que lhe é consequência inevitável. A causa da propagação cérele das ideias espíritas está na satisfação que trazem a todos os que as aprofundam e que veem alguma coisa a mais do que simples passatempo. Como cada um quer a sua felicidade, nada há de surpreendente que se apegue a uma ideia que o faz ditoso.

Três períodos distintos apresenta o desenvolvimento dessas ideias: primeiro o da curiosidade, que a singularidade dos fenômenos produzidos desperta; segundo o do raciocínio e da filosofia; terceiro o da aplicação e das consequências. O período da curiosidade passou, a curiosidade dura pouco. Uma vez satisfeita, muda de objeto. O mesmo não acontece com o que desafia a meditação séria e o raciocínio. Começou o segundo período, o terceiro virá inevitavelmente.

“Demonstrando a existência e a imortalidade da alma, o Espiritismo reaviva a fé no futuro, levanta os ânimos abatidos, faz suportar com resignação as vicissitudes da vida”.

As obras básicas do Espiritismo são: o Livro dos Espíritos; o Livro dos Médiuns; o Evangelho Segundo o Espiritismo; o Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo e o livro A Gênese. Todas as obras por Allan Kardec.