Blog dos Espíritos

Lei de Justiça, Amor e Caridade

11/07/2022 08:35 - por Eleni Maria Machado

O que é justiça? O que se pode fazer para que a justiça seja satisfeita de modo completo?

O ser humano deseja que a justiça seja feita com relação a si mesmo; mas e com relação ao outro, age da mesma forma?

Justiça e direitos naturais

O sentimento de justiça está na natureza humana, ou é uma ideia adquirida? Está de tal modo na natureza, que nos revoltamos a simples ideia de uma injustiça. É fora de dúvida que o progresso moral desenvolve esse sentimento de justiça, mas não o dá. Deus o colocou no coração do homem. Por isso vemos homens incultos e simples com mais noção de justiça do que em alguns que possuem grande cabedal de saber.

Como podemos explicar que, sendo a justiça uma Lei da Natureza, os homens a entendam de forma diversa, o que a uns parece justo a outros parece injusto? É porque a esse sentimento, que se encontra em desenvolvimento, se misturam paixões que o alteram e faz com que o homem veja as coisas por um prisma falso.

O que é justiça?

Os Espíritos Superiores definem a justiça como sendo: “Cada um respeitar os direitos dos demais.”

O que é que determina esses direitos? A lei humana e a lei natural. Os homens reunidos em sociedade, formulam leis que estabelecem direitos “mutáveis”; alteram-se conforme as sociedades humanas vão progredindo. Nem sempre, pois, está de acordo com a justiça o direito que os homens prescrevem. Ademais, este direito regula apenas algumas relações sociais, quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência.

Disse o Cristo: “Queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo”. Esta é a base da justiça, segundo a lei natural. Deus imprimiu no coração do homem a regra da verdadeira justiça, fazendo que cada um deseje ver respeitado os seus direitos. Na incerteza de como deva proceder com o seu semelhante, em dada circunstância, trate o homem de saber como quereria que com ele procedessem, em circunstância idêntica. Deus não poderia ter-lhe dado guia mais seguro do que a própria consciência. Não sendo natural que haja quem deseje o mal para si, desde que cada um tome por modelo o seu desejo pessoal, é evidente que nunca ninguém desejará para o seu semelhante senão o bem.

Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem? “O direito de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o quer que possa comprometer-lhe a existência corporal”.

É certo que a necessidade que tem o homem de viver em sociedade lhe acarreta obrigações especiais e a primeira de todas é a de respeitar os direitos de seus semelhantes. Aquele que respeitar esses direitos procederá sempre com justiça. A maioria dos homens não pratica a lei de justiça e, desta forma, usa de represálias. Essa a causa da perturbação e da confusão em que vivem as sociedades humanas. A vida social outorga direitos e impõe deveres recíprocos.

Caridade e amor ao próximo

Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

O amor e a caridade são o complemento da Lei de Justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como irmãos.”

A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores (segundo o grau de moralidade já alcançado). Ela nos prescreve a indulgência, porque de indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados e, quanto mais lastimosa seja a sua posição, maior cuidado devemos ter em não lhe aumentar o infortúnio pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa.

O que pensar da esmola?

A esmola não está reprovada, mas a maneira como habitualmente é dada. O homem de bem, que compreende a caridade de acordo com Jesus, vai ao encontro do desgraçado, sem esperar que este lhe estenda a mão.

O homem que é condenado a pedir esmola, se degrada física e moralmente: se embrutece. Uma sociedade que se baseie na Lei de Deus e na justiça deve prover à vida do fraco, sem que haja para ele humilhação. Deve assegurar a existência dos que não podem trabalhar, sem lhes deixar a vida à mercê do acaso e da boa vontade de alguns. A verdadeira caridade é sempre bondosa e benévola; está tanto no ato, como na maneira por que é praticado.

Deve-se distinguir a esmola, propriamente dita, da beneficência. Nem sempre o mais necessitado é o que pede. O temor de uma humilhação detém o verdadeiro pobre, que muita vez sofre sem se queixar. A esse é que o homem verdadeiramente humano sabe ir procurar, sem ostentação.

Amai-vos uns aos outros, eis toda a Lei, Lei Divina, mediante a qual governa Deus os mundos. O amor é a Lei de Atração para os seres vivos e organizados. A atração é a Lei de Amor para a matéria inorgânica.

(Livro dos Espíritos – Parte Terceira – Lei de Justiça, Amor e Caridade)

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